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Italiano
Esta é a denominação
genérica de dialetos e variedades do italiano praticados no Brasil
por descendentes de imigrantes desta nacionalidade. O italiano foi introduzido
no Brasil marcadamente no período do grande
movimento imigratório, ocorrido no fim do século XIX
e início do XX.
Os imigrantes italianos
instalaram-se principalmente nas Regiões Sul (Estados do Rio Grande
do Sul, Paraná, Santa Catarina) e Sudeste (São Paulo, Rio
de Janeiro e Espírito Santo e Sul de Minas Gerais), além
do Sul da Bahia. Na segunda parte do século XX, após 1970, a partir de
remigrações interestaduais motivadas pela busca de terras,
encontram-se também concentrações de descendentes
de falantes de italiano em Estados das
Regiões Centro-oeste (Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Rondônia, Goiás) e Norte (Acre, Pará).
Não se pôde
ainda precisar o número de imigrantes italianos que entraram no
Brasil no período do grande movimento de imigração,
em função da alta proporção de imigração
clandestina, da qual não se tem registro. Além disso, muitos
falantes de dialetos italianos nascidos no Brasil foram registrados como
brasileiros e falantes de português. É comum dizer-se que
migraram da Europa para a América, no século XIX, em torno
de cinqüenta e sete milhões de indivíduos, mas não
se sabe ao certo quantos vieram para o Brasil. Fala-se que ultrapassaram
a faixa de um milhão e quatrocentos e um mil, só nos anos do
grande movimento de imigração.
A convivência
dos imigrantes em grupos relativamente coesos e o isolamento de suas
colônias em relação aos demais centros de povoamento
contribuíram para a manutenção de suas línguas.
Por outro lado, a interdição oficial das línguas
estrangeiras no Brasil pelo presidente Getúlio Vargas, durante o
Estado Novo (1937-1945), sob influência do nacionalismo,
inibiu a prática dessas línguas tanto nas cidades (sobretudo
na imprensa escrita e nas escolas), quanto na zona rural. Para isto,
foram realizadas campanhas
de nacionalização do ensino primário. A interdição
das línguas estrangeiras apressou a nacionalização
dos imigrantes italianos no Brasil. Assim, durante um longo tempo, após
a Segunda Guerra Mundial, a língua e a memória histórica
desses imigrantes foi silenciada, marcadamente no domínio público
e institucional.
Atualmente, muitos
brasileiros provenientes da imigração italiana falam o
português com traços
de italiano. Esses traços estão presentes desde a fonologia,
passando pelo léxico, pela semântica e pela morfologia,
até a sintaxe, apresentando-se ainda em fragmentos de discursos,
em provérbios e expressões. Deste modo, as especificidades
lingüísticas do imigrantes italianos interferiram nas transformações
da língua portuguesa no Brasil.
A partir dos anos
1980, em um contexto sócio-histórico propício, com
o aparecimento dos discursos sobre a globalização econômica,
especificidades “culturais” e “regionais” passaram a adquirir lugar na
mídia, de modo que se assiste atualmente a um revigoramento da
memória, da língua e da história dos brasileiros
provenientes da imigração. Nessa onda de discursos, algumas
prefeituras municipais de regiões colonizadas por imigrantes italianos,
em diversos Estados brasileiros, passam a inserir no curriculum das
escolas primárias o ensino da língua italiana como língua
estrangeira. A influência da mídia fez também crescer,
em 1999, em 25% o índice de procura de cursos de italiano na cidade
de São Paulo, onde os descendentes de italianos chegam a cinco
milhões.
(O.P.)
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