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Verbete Geral: Línguas Indígenas
Existem cerca de 180 línguas indígenas e respectivos
dialetos sendo praticadas no Brasil por 330.000 índios, aproximadamente,
e por algumas comunidades ribeirinhas
do norte do país.
Rodrigues
(1999) calcula que nos primeiros anos de colonização um número
de cerca de 6.000.000 índios falavam mais de 1.000 línguas indígenas.
As
políticas colonizadoras e civilizatórias resultaram no desaparecimento
de cerca 85% dessas línguas. Na primeira metade de século XX,
já se registrava uma perda de 29% delas.
As línguas indígenas que desapareceram foram principalmente
aquelas praticadas em áreas em que o processo colonizador foi mais
longo e intenso: região Sudeste e maior parte das regiões Nordeste
e Sul, sobretudo a região litorânea. A extinção
da maior parte das línguas indígenas se deu praticamente em
toda área leste que representa a extensão São Luís-Porto
Alegre. Grande parte de povos indígenas que habitam ainda hoje estas
regiões falam somente o português.
A média de falantes por língua é de 1.000.
A sua distribuição, no entanto, é bastante desigual.
Segundo dados recentes, somente nove línguas indígenas são
faladas por mais de 5.000 índios, cada uma delas. São elas:
guajajara, sateré-mawé, xavante, yanomami, terena, macuxi,
kaingang, ticuna e guarani, sendo que as últimas contam com cerca
de 30.000 falantes cada uma. Já as cerca de 170 línguas restantes
possuem um número de falantes de cerca de 400 índios, cada
uma. (Lopes, 1995, Rodrigues, 1999).
Estima-se que as línguas pertencentes à família
Tupi-Guarani apresentam cerca de 33.000 falantes, sendo que deste total os
falantes de kaiwá e de tenetehára são em maior número:
em torno de 7.000 falantes em cada língua. (Rodrigues, 1997)
A região da Amazônia Brasileira é aquela que
apresenta maior concentração de falantes de línguas
indígenas: são mais de 60 línguas (ISA, 1991/995,
e FUNAI, 1996), faladas por sociedades indígenas distintas. Só
nas áreas indígenas localizadas no estado do Amazonas são
faladas mais de 50 línguas diferentes. Estas línguas vêm
sendo faladas por um contingente de cerca de 150.000 índios.
O tupinambá ou tupi (antigo) foi a língua falada
por um grande contingente de indígenas de diferentes culturas, habitantes
da costa brasileira, sendo referida por viajantes e missionários como
língua dos índios, língua brasílica, língua
da terra, língua do Brasil. Foi a língua predominante nos dois
primeiros séculos de colonização, sendo falada não
só por índios, mas por portugueses e seus descendentes, negros,
colonos em geral, tornando-se a língua
geral de uma extensão territorial que abrangia de São Paulo
ao Maranhão.
Difundida fortemente até o século XVIII, o governo
de Portugal, através do decreto do Marquês de Pombal,
proíbe, em 1775, seu uso no território brasileiro, bem como
o uso de outras línguas indígenas faladas no país. Inicia-se,
a partir de então, o processo de imposição da língua
portuguesa aos povos indígenas, através das missões
religiosas. Atualmente, encontramos somente falantes do chamado tupi moderno
(ou nheengatú), na região amazônica, procedentes de diferentes
etnias. O tupi antigo não é mais falado, encontrando-se somente
a documentação escrita pelos jesuítas da Companhia de
Jesus e algumas anotações de outros missionários e viajantes.
(M.H.)
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