A palavra “periferia” tem uma história de significação que vai do sentido de superfície que delimita externamente um corpo, passa pelo que está fora de algo e chega a sentidos como conjunto de países não desenvolvidos. Por este perecurso já se vê a relação opositiva centro/periferia se estabelecer.
Isto se pode observar em como periferia significa numa relação com palavras como favela e comunidade. Podemos, por exemplo, dizer
“A periferia das cidades brasileiras é dona de uma renda muito cobiçada. Nas estradas e avenidas que atravessam as comunidades concentram-se sempre grande comércio, bancos, supermercados. Nas favelas há empresas que geram muito dinheiro.”
De um certo modo a periferia é assim a região da cidade em que vivem grupos sociais de baixa renda, como se pode ver pela sequência acima que afirma que mesmo neste lugares há comércio, atividade econômica, etc. Em muitos casos a periferia é também o subúrbio, pois fica longe do centro, ou dos bairros mais ricos.
Deste modo o sentido de periferia passa a significar não o que está fora do centro, mas o que é posto à margem, não participa efetivamente da cidade. Assim no domínio das palavras relativas à cidade, periferia significa, contraditoriamente, em oposição ao próprio sentido de cidade. Periferia significa os espaços da cidade deixados fora das ações próprias das obrigações do Estado para com a sociedade. Nesta medida o sentido de periferia passa a ser ligado ao sentido de marginalidade, de marginal. Ou seja, periferia significa o lugar no qual aqueles que aí moram não têm plenamente os direitos da cidadania.