O transporte urbano se distingue do “transporte” em geral (rodoviário, ferroviário, aquaviário) por ser específico do espaço urbano, ou seja, distingue-se, por exemplo, do transporte interestadual de cargas, transporte marítimo, etc, e envolve diferentes meios de transporte no espaço citadino. Segundo as diretrizes da “Política Nacional de Mobilidade Urbana”, o transporte urbano compreende o: “conjunto dos modos e serviços de transporte público e privado utilizados para o deslocamento de pessoas e cargas nas cidades integrantes da Política Nacional de Mobilidade Urbana”, As modalidades de transporte urbana são várias e têm se diversificado. O automóvel, o ônibus, o táxi, o metrô e o trem são os mais utilizados. O bonde foi um meio de transporte presente por algumas décadas, permanecendo hoje somente ligado ao turismo e à memória dos transportes. Nas últimas décadas, tivemos também o surgimento de alguns meios privados como as vãs, os motoboys e moto-táxis, e mais recentemente o uso das bicicletas. Estas, além de demandarem as “ciclovias”, surgem como símbolo de movimentos sociais e ecológicos que questionam o privilégio dos automóveis, embora filiem-se muitas vezes a uma parcela igualmente privilegiada, de alto poder aquisitivo, que pratica o ciclismo como lazer.
O transporte público nas cidades costuma apresentar uma série de problemas, como atrasos, preços altos, deficiência de informações, precariedade dos veículos e dos equipamentos, buracos, lotação excessiva, difícl acessibilidade, tempos longos de percurso, falta de integração entre os meios, dentre outros. Na literatura, crônicas como as de Vanessa Bárbara significam várias situações cotidianas adversas pelas quais os usuários de transporte público (os “sem-carro”) passam no espaço urbano. Em junho de 2013, houve várias manifestações populares contra o aumento das tarifas, com participação decisiva de movimentos sociais, como o Movimento Passe-Livre, e de redes sociais. Os protestos tiveram repercussões mais amplas, com reivindicações pela melhoria do transporte público e discussões de questões como “crescimento desordenado das metrópoles”, “relação cidade e meio ambiente”, “especulação imobiliária”, “drogas”, “violência”.
Uma das tentativas de lidar com a diversidade de meios está na busca de maior “integração” entre eles, o que é um dos lemas da “Política Nacional de Mobilidade Urbana”. As políticas de integração têm sido adotadas por muitos municípios, que promovem os chamados “bilhetes de integração”, dentre os quais o “bilhete único”, que permitem a “baldeação” entre diferentes modos de transporte dentro de um certo período de tempo. Mas os problemas de transporte público perduram e trazem questionamentos sobre a “cidade do automóvel”. As solicitações de demolição do viaduto Minhocão (“Elevado Costa e Silva”), em São Paulo, indicam a falência de um modelo de intervenção no transporte público que desconsidera o real da cidade, incluíndo-se aí o entorno das construções, os sujeitos moradores, os transeuntes. Atualmente, o Minhocão é fechado para veículos aos domingos e recebe pedestres, ciclistas, skatistas, transformando-se em um espaço de lazer.
Bibliografia
BÁRBARA, Vanessa. O sem-carro. In: O Louco de Palestra. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
BÜHLER, M. S.; SODRÉ, J.; PASTORELO, P. Elevado 3.5. São Luis (MA): Lume Produções Cinematográficas, 2007.
MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES. Endereço: http://www.transportes.gov.br/conheca-a-identidade-digital-do-governo.html. Acesso em 22 de fevereiro de 2015.
MOVIMENTO PASSE LIVRE. Endereço: http://saopaulo.mpl.org.br. Acesso em 22 de fevereiro de 2015.
PEREIRA, Vicente de Britto. Transportes: História, crises e caminhos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA. Endereço: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm. Acesso em 22 de fevereiro de 2015.