Há uma série de palavras que significam os movimentos dos sujeitos dentro e fora da cidade, como pedestre, passante, transeunte, andarilho, peregrino, romeiro, etc. Denre elas, nômade se caracteriza por significar um deslocamento contínuo, sem parada fixa. Um caso típico são os “povos” nômades, que não se fixam definitivamente e deslocam-se com frequência.
As cidades geralmente são definidas pela concentração da população, que se aglomera e se fixa em um lugar. Porém o nômade se desloca constantemente. Temos também a significação de que o nômade “vagueira sem destino” (AULETE DIGITAL, 2015), e nesse caso ele se distingue das identificações da perspectiva das administrações públicas, dos discursos dos transportes (pedestre, tráfego).
Um traço que funciona na nomeação de nômade é a oposição à habitação, a moradia fixa. Por isso, nômade não se ajusta bem à definição de cidade, que lida com outras categorias mais suscetíveis a controles, a contagens, como população, morador, migrante, imigrante, etc. Essa oposição à moradia fixa distingue o nômade do andarilho, visto que este último também pode vaguear sem destino, mas o nômade comumente se liga a um grupo ou a um povo, numa relação de pertencimento a uma coletividade.
No espaço urbano, é interessante notar que os trecheiros, que são sujeitos que se apresentam como tais, não objetivam ter moradia fixa e constroem uma identidade coletiva de nômade, fazendo trechos que incluem locais como sinaleiro, praça, viaduto, etc.. Quando abordados no espaço público, dormindo nas ruas, praças ou sob os viadutos, eles são designados, do ponto de vista dos governos, como “população em situação de rua”. Esta é uma designação que admmite uma certa transitoriedade do sujeito, porém o que se tem em vista é que esses sujeitos encontrem moradia fixa, seja temporariamente nos albergues, seja pela volta à família, pela inserção em alguma habitação citadina, ou até mesmo pelo encaminhamento para outras cidades.
Bibliografia
AULETE DIGITAL – O DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Disponível em: http://www.aulete.com.br. Acesso em 17 de março de 2015.