Revista Rua


O discurso da ciência na contemporaneidade: "Nada existe a menos que observemos"
(The discourse of science in the contemporaneity: "Nothing exists unless we observe it.")

[Marci Fileti Martins] 
Profa. Dra. da Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Unisul, Palhoça-SC. Endereço para correspondência: Rua Chalés do Cafezal, 232, Fortaleza da Barra da Lagoa, Florianópolis-SC, CEP: 88061435- E-mail: marci.martins@unisul.br

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Para citar essa obra:
MARTINS, Marci Fileti. O discurso da ciência na contemporaneidade: "Nada existe a menos que observemos". RUA [online]. 2009, no. 15. Volume 2 - ISSN 1413-2109/e-ISSN 2179-9911  
 
Resumo:
Nesse trabalho, pretendo refletir sobre possíveis paradoxos e rupturas que passam a constituir o discurso científico na atualidade. Isso será feito de forma indireta, já que tomo como observatório o discurso de divulgação científica, através do qual a ciência ganha novos sentidos ao, intensamente, sair dos seus lugares de produção e circulação tradicionais (as instituições acadêmicas com seus papers e congressos, por exemplo) para se constituir noutro espaço social e histórico, em que é re-significada através de materiais midiáticos (revistas, jornais, programas de TV, internet). Interessa-me analisar nos materiais de divulgação científica, certos enunciados como “incerteza”, “incompletude”, “imperfeição”, “provisório”, “não pode ser comprovado jamais”, “nada existe a não ser que observemos” e “nós precisamos da incerteza, é o único modo de continuar”, os quais materializam certos sentidos sobre ciência aparentemente conflitantes com o funcionamento de um discurso da ciência concebido tanto “como uma atividade de triagem entre enunciados verdadeiros e enunciados falsos”, quanto como a produção de um sujeito da ciência que está “presente pela sua ausência” (Pêcheux, 1975: 1997-98).  
Palavras Chave: discurso da ciência; divulgação científica; paradoxos e rupturas  
 
Abstract:
In this paper I reflect on possible paradoxes and gaps which begin to shape the current scientific discourse. This is performed indirectly, as I depart from the scientific dissemination discourse, through which science incorporates new meanings by moving from its traditional places of production and circulation (e.g., academic institutions and their papers, congresses) to other social and historical settings where it is resignified through different media (magazines, newspapers, TV shows, internet). I analyze scientific dissemination material in search for expressions such as “uncertainty”, “incompleteness”, “imperfection”, “temporary”, “can never be proved”, “nothing exists unless we observe it”, and “we need uncertainty because this is the only way to continue”. These expressions materialize certain meanings of science which apparently clash with the idea of a scientific discourse conceived as both “an activity of selecting among true statements and false statements” and the production of a subject of science who is “present in the absence” (Pêcheux 1975, pp.1997-98).  
Keywords: science discourse; scientific dissemination; paradoxes and gaps