Revista Rua


Uma enunciação sem comunicação: As tatuagens escriturais
An utterance without communication: the scriptural tattoos

[Marie-Anne Paveau] 
Professora de Lingüística na Universidade de Paris 13, membro do Cenel (Centro de Estudo de Novos Espaços Literários), a pesquisadora desenvolve trabalhos articulando discurso, contexto e cognição social. Dentre os temas de predileção estão os contextos e dados culturais, o corpo, os objetos e os ambientes cognitivos, normas éticas e lingüísticas, filosofia do discurso. Também desenvolve pesquisas sobre história e epistemologia das ciências da linguagem. Em destaque está a formulação da noção de pré-discurso (Les prédiscours. Sens, mémoire, cognition, Paris: Presses Sorbonne Nouvelle, 2006).Université Paris 13 UFR LSHS 99 av J-B. Clément93430 Villetaneuse. E-mail : ma.paveau@orange.fr

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Para citar essa obra:
PAVEAU, Marie-Anne. Uma enunciação sem comunicação: As tatuagens escriturais. RUA [online]. 2010, no. 16. Volume 1 - ISSN 1413-2109/e-ISSN 2179-9911  
 
Resumo:
As tatuagens escriturais parecem tornar amplamente aceitáveis a idéia de que o corpo humano é um suporte para a produção do discurso na forma tradicional da comunicação indexical, que é, a existência de dois falantes, uma forma lingüística e sua interpretação. De fato, a enunciação tatuada é muito peculiar e sustenta, mais exatamente, o forte argumento a favor da forma não-comunicativa da enunciação: os falantes estão desconectados e até mesmo ausentes da enunciação; eles estão, em sua maioria, no tempo anônimo; os textos estão algumas vezes escondidos e por isso estabelecem sentenças indizíveis. Conseqüentemente, a enunciação da teoria standard deve ser revisitada e alguém propor outras hipóteses, tal qual a biosubjetividade e o bioreferencialismo.  
Palavras Chave: ambiente cognitivo, indexicalidade, enunciação não comunicacional, referencialismo, tatuagens escritas.  
 
Abstract:
Scriptural tattoos seem to give credence to the idea that the human body is a support for discourse production in the traditional way of indexical communication, that is, the existence of two speakers, a linguistic form and its interpretation. In effect, tattooed enunciation is a very peculiar one and provides, rather, strong arguments in favor of a noncommunicative type of enunciation: speakers are disconnected and even absent from interaction; they are also most of the time anonymous; texts are sometimes hidden and therefore set up unspeakable sentences. Consequently the standard enunciation theory must be revisited and one has to propose other hypotheses, such as biosubjectivity and bioreferentialism.  
Keywords: cognitive environment, indexicality, noncommunicative enunciation, referentialism, scriptural tattoos.