Revista Rua


O "progresso" e a significação da sociedade em alguns dos primeiros dicionários monolíngües brasileiros
The "progress" and the significance of society in some of the first monolingual Brazilians dictionaries

Rosimar Regina de Oliveira

Neste estudo analisamos os sentidos da palavra progresso e suas cognatas no Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (1938 a 1967[2]), organizado por Hildebrando Lima e Gustavo Barroso[3]. Após analisarmos as edições deste dicionário, observamos as possíveis relações entre os sentidos presentes nele e em outros dois dicionários brasileiros: Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa (1942-43[4]), organizado por Laudelino Freire e Dicionário da Língua Portuguêsa da Academia Brasileira de Letras (1966[5]), organizado por Antenor Nascentes.
A análise do sentido das palavras propostas, em dicionários brasileiros[6], interessa-nos à medida que consideramos os dicionários, assim como as gramáticas, como instrumentos de gramatização (AUROUX, 1992) e de regulação de uma língua (ELIAS DE OLIVEIRA, 2006) e também porque, conforme Orlandi (2002, p. 103), “há um processo pelo qual o dicionário, ao representar a língua a provê de realidade”, o efeito envolvido nesse processo é o de que o dicionário representa o lugar da completude da língua, da sua unidade. Desse modo, podemos observar a história do país “pela história de constituição da língua e do conhecimento a respeito dela” (ORLANDI, ibidem, p. 9).


[2] As edições analisadas foram da primeira à décima primeira, à isenção da quarta, sétima e oitava, que não foram encontradas.
[3] O Pequeno Dicionário tem como primeirosorganizadores Hildebrando Lima e Gustavo Barroso e recebe participação de outros grandes nomes da lexicografia brasileira. Com exceção da primeira edição que não traz dados catalográficos na primeira página, a segunda edição consta como “revisto por Manuel Bandeira e José Baptista da Luz” e “revista e aumentada por Antenor Nascentes”; na terceira edição, está “revisto por Manuel Bandeira e José Baptista da Luz” e “refundida, revista e aumentada por Antenor Nascentes (Vocabulário de Filologia e Gramática); Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira (Brasileirismos e redação)” e outros; a sexta e nona edições constam “revisto na parte geral por Manuel Bandeira e José Baptista da Luz” e “inteiramente revista e consideravelmente aumentada – sobretudo na parte de brasileirismos – por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira. Este dicionário foi refundido e aumentado a partir da 2ª edição por Antenor Nascentes (Filologia e Gramática), [...] da 3ª à 5ª, por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira (Brasileirismos e redação)” e outros; na décima primeira edição não consta os nomes dos organizadores e tem como destaque “supervisionado e consideravelmente aumentado por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira com a assistência de José Baptista da Luz e revisto e aumentado por inúmeros especialistas”. Em algumas reimpressões, como na 10ª., 11ª. e 13ª (que encontramos) consta que esse dicionário foi “supervisionado e consideravelmente aumentado até a 10ª. edição por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira com a assistência de José Baptista da Luz e revisto e aumentado por inúmeros especialistas”. Traz ainda, na página seguinte, a informação: “este dicionário – aumentado em cerca de 25% na décima edição – foi organizado por Hildebrando de Lima, com revisão, na parte geral, por Manuel Bandeira e José Baptista da Luz; refundido e aumentado, na 2ª. edição, por Antenor Nascentes (Filologia e Gramática)”, constam também os nomes de muitos outros colaboradores que foram sendo acrescentados a cada edição, cada um em sua devida área.
[4] O volume 1 desse dicionário foi lançado em 1939, mas o volume 4, em que estão as palavras que analisamos,  foi publicado entre 1942 - 1943.
[5] Esse dicionário foi elaborado entre 1941 e 1943, mas foi publicado entre 1964 e 1967. As palavras que analisamos estão no seu 3º Tomo, publicado em 1966.
[6] Os dicionários que analisamos foram publicados por volta de 1938 a 1967.