III Jornada e-Urbano - Sujeitos e Sentidos nas Margens: há um fora do digital?
A III Jornada e-Urbano: "Sujeitos e Sentidos nas Margens: há um fora do digital?" tem como objetivo reunir professores-artistas, professores-pesquisadores, professores, artistas, estudantes, passantes, interessados, curiosos, e outros que não cabem nessas categorizações, em torno da questão “há um fora do digital?” Essa pergunta é o eixo norteador dos debates do evento, pois compreendemos que o digital foi assumindo um lugar central na ordem da vida, da sociedade, da cidade, da economia, das relações sociais e políticas, a saber, na discursividade do mundo.
Nessa perspectiva, o evento colocará em debate, por meio dos sentidos produzidos pela Arte, pela Educação, pelas Ciências da Linguagem, pelas Ciências Sociais, as Ciências da Informação e a Computação, questões sobre o mundo que estamos construindo e sobre os processos de significação que nele têm se produzido. Que sociedade vislumbramos num mundo em que as relações sociais, políticas, com o conhecimento, com a linguagem, estão cada vez mais significadas pelo digital, pelo imaginário de um mundo global, digital, interconectado e homogêneo? Essa é uma das questões que nos movem pelas margens dos sentidos.
A conferência de abertura contará com tradução e transmissão online, bem como as mesas que acontecerão no Auditório do Labeurb. A participação na programação em espaços fora do Labeurb será apenas presencial.
Comissão organizadora
Coordenação Geral do Evento: Cristiane Dias
André Silva Barbosa Alan Kern Cida Grecco Cleyton Torres Dayane Machado Deborah Pereira Guilherme Ferragut Jaqueline Stênico Mariana Garcia Castro Alves Olívia Couto Renan Possari Romulo Osthues Viviane de Freitas
Equipe técnica Fábio Bastos Jorge Abrão Kelma David
Jean-Jacques Schaller possui doutorado em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, professor da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade Paris 13, onde também trabalha como Mestre de Conferências em Ciências da Educação. Faz parte do grupo de pesquisa EXPERICE e seu mais recente livro - L’intervention Sociale à l’épreuve des Habitants – foi publicado em 2013 pela Editora l’Harmattan.
Les formes de vie urbaine avec le numérique. Comment les sujets occupent-ils les espaces ?
Des univers de langage à celui des signaux : comment dire encore Non pour ne pas se démettre de son humanité ?
Comment définir une bonne attitude à tenir face au développement du numérique ? Est-elle celle d’accueillir l’ensemble des regards sur cette transition technique permanente, prise dans sa globalité, telle qu’elle engage et bouleverse toutes les dimensions de l’existence humaine ? Cette attitude doit nous permettre de mettre en débats nos attentes, nos craintes, nos révoltes, tout ce qui permet d’em appeler à la controverse entre Sujets politiques.
Comment dire encore Non ?
Nous voulons ainsi souligner que les transitions numériques qui nous sont proposées ont toutes em commun d’écarter le langage, l’univers des signes, le symbolique, au profit des simples signaux dont sont capables les machines ou des symboles mathématiques nécessaires aux algorithmes.
Or, en se défaisant du langage, on s’interdit le Non et on se démet de son humanité au profit de machines qui feront toujours davantage triompher les signaux… Un monde dominé par les machines est un monde qui n’a plus besoin du langage humain. Il suffit que nous communiquions grâce à des signaux que nous captons et que nous émettons pour ainsi dire sans y penser.
Savoir dire « non », c’est d’emblée affirmer que le monde ne saurait s’imposer à l’humain sans qu’il lui résiste d’abord. Le Non signifie ne pas se laisser imposer ce qui se prétend obligatoire parce que naturel, immédiat, donné – et au contraire, l’affronter et lui objecter le détour, le construit. Dire « non », c’est prétendre être pour quelque chose dans ce que nous devenons ; dire « non », c’est refuser que les choses soient seulement comme elles sont ; dire « non », c’est transformer la situation dans laquelle nous sommes prisonniers... Le pouvoir de la négation révèle l’être de langage qui est en nous.
La notion « d’individuation » développée par Simondon permet de repenser la capacité à s’arracher au déjà fait, en mettant en avant les réserves de devenir de l’individu. Ces réserves de devenir où le sujet de l’émancipation peut ainsi être replacé à l’intérieur d’un milieu, d’un plurivers d’altérités, d’un paysage, lieu des ressources de sa constitution progressive et continuelle... L’être individué tend à aller au-delà de son état présent, à élargir sa puissance d’agir.
La transition numérique est une opportunité pour mettre en mouvement des débats, des controverses, de la contestation, de la révolte... Cette ligne d’engagement n’est-elle pas d’abord un devenir... avant d’avoir un a-venir. C’est peut-être le désir d’une autre politique, le signe de l’envie de renouer avec la puissance d’agir collectivement, avec la volonté de re-fabriquer du lien, du rapport démocratique.
Les refus sont bien le signe d’un passage vers les mondes de l’en-commun à partir de puissances d’agir toujours singulières. S’agit-il derrière la puissance d’agir d’inaugurer des nouvelles formes politiques ? De créer des « laboratoires de plein air », comme lieux d’expérimentation de l’en-commun et où l’espace public sensible – retrouver une intensité de la vie publique – se veut comme une invention de formes politiques capables de s’investir dans les vies ordinaires.
Sandra Wrobel Straub é doutora em Linguística na área de Análise de Discurso pelo IEL/UNICAMP e professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Suas pesquisas se concentram nas seguintes áreas: Tecnologias de Informação e de Comunicação, ProInfo, Políticas Públicas, Educação a Distância, Tecnologia Assistiva, capacitação de professores e pesquisa em Educação.
O outro da educação: inclusão no ensino superior e o uso de tecnologia assistiva
A partir de projetos de pesquisa da UNEMAT/Sinop com estudantes do ensino médio e superior da região norte mato-grossense, com visão subnormal, cego e surdo, buscamos analisar a discursividade desses sujeitos com o uso da tecnologia assistiva (TA) no processo de aprendizagem e na relação com a sociedade.
A TA compreendemos como um auxílio para a possibilidade de realização da função desejada em que a pessoa se encontra impedida devido a uma deficiência ou outra situação. Como embasamento teórico entre outros estudiosos destacamos Berch (2013), Galvão Filho (2010) e Schlünzen (2013), Santos (2013), Veiga-Neto (2003) Orlandi (1999), Ferreira e Orlandi (2014).
Em nosso percurso investigativo percebemos os sentidos de inclusão/exclusão, a TA como auxílio no processo de aprendizagem, dificuldades de relacionamento com os colegas de sala de aula e professores, ou seja, os sentidos do outro na/da educação. Esses sentidos apontam para necessidade de estudos mais aprofundados sobre as tecnologias no processo educacional da pessoa surda e com deficiência auditiva e visual na formação de professores.
Maristela Cury Sarian é doutora em Linguística na área de Análise de Discurso pelo IEL/UNICAMP e professora da área de Língua Portuguesa na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Atua também como professora e vice-coordenadora no Programa de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) - Unidade UNEMAT/Cáceres. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguística, Língua Portuguesa e nos Estudos da Tradução.
O lugar das tecnologias de escrita nas práticas de ensino De língua portuguesa no Profletras/Unemat-Cáceres
Temos por objetivo apresentar, em linhas gerais, o modo pelo qual a Unidade de Cáceres – MT, filiada à Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, concebe o Programa de Mestrado Profissional em Letras - PROFLETRAS, Programa em rede coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como condição para se colocar em evidência, de forma mais específica, o lugar das tecnologias de escrita no processo de construção dos projetos de intervenção desenvolvidos pelos mestres e mestrandos do Programa, professores de língua portuguesa em efetivo exercício na educação básica.
Buscamos dar visibilidade ao processo de construção de práticas de autoria que desestabilizam os sentidos de evidência que circulam sobre leitura, escrita e tecnologias nas escolas e mostrar de que modo práticas de ensino filiadas a um discurso tradicionalmente autoritário foram ressignificadas, produzindo sentidos outros.
Como resultado, indicamos o processo de transformação desse sujeito professor em decorrência de um processo outro de subjetivação – identificação, advinda de sua apropriação teórica, que tem, como efeito, uma prática de ensino de língua politicamente significada, mediada pelas tecnologias de linguagem.
Valeska Fortes de Oliveira possui doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pós-doutorado pela Faculdade de Ciências da Educação da Universidade de Buenos Aires, Argentina. É professora do Centro de Educação da UFSM e lá coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social (GEPEIS). Também tem desenvolvido pesquisas focadas em Cinema e formação de professores. Integra a Rede Latino-americana de Cinema e Audiovisual - KINO. É membro da Associação Iberoamericano de Docência Universitária (AIDU) e da Rede Sulbrasileira de Investigadores da Educação Superior.
Tecnologias e o outro da educação: que sujeitos e sentidos? O que pode a educação?
O que temos produzido na sociedade contemporânea, conhecida como a “do conhecimento”, e a “do digital”? Que relações temos construído com o outro da educação? Que dimensões toma o digital misturando tempos e espaços (passado e futuro, privado e público)? Em quais movimentos digitais temos percebido a produção de subjetividades narcísicas, onde como diz Caetano Veloso “Narciso acha feio o que não é espelho”? Que movimentos digitais têm produzido uma sociedade com espaço para manifestações de comportamentos fascistas? O que pode o digital? O que potencializa a educação com as tecnologias a disposição? O que pode uma educação reinventar por meio das tecnologias?
As questões levantadas não serão respondidas, mas problematizadas por meio de pesquisas, estudos e reflexões que temos produzido no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social (GEPEIS), da Universidade Federal de Santa Maria, RS. Temos nos referenciado no imaginário social, na concepção de Cornelius Castoriadis, como a capacidade humana de criar, de propor formas outras, de reinventar. Na concepção instituinte, trazida por Castoriadis (1982) somos levados a pensar na nossa capacidade inventiva de, ao olharmos para nossas criações, que não fazem mais sentido ou onde outros sujeitos deslocaram os sentidos, a propor outras experiências éticas, estéticas e políticas.
Nessa perspectiva, temos trabalhado com a produção audiovisual, como texto potente para provocar no outro e em si (autoconhecimento). O cinema tem se constituído a experiência da arte, onde podemos desassossegar hábitos, crenças, comportamentos, imaginários instituídos que não somam para produzir coletivos e indivíduos com mais potência de vida.
A vida passa a ser concebida como obra de arte, numa ética e estética da existência, onde experimentar mundos e concepções desconhecidas, pode se constituir, na experiência de ampliação de repertórios de vida. “Como a experiência estética constantemente introduz novos padrões que surpreendem a inteligência e a sensibilidade, ela tem uma força impressionante para romper expectativas habituais, projetar novas possibilidades de sentido e desafiar ao reconhecimento do outro.
A formação ética encontra na estética um modo de sensibilização dos aspectos restritivos da normalização moral e da escassez de imaginação, forçando a rever crenças, numa abertura decisiva à alteridade.” (HERMANN, 2016).
Cláudia Pfeiffer é doutora em Linguística na área de Análise de Discurso pelo IEL/UNICAMP e exerce suas atividades científico-acadêmicas no Laboratório de Estudos Urbanos (LABEURB/NUDECRI/UNICAMP). Atua principalmente, nas seguintes linhas de pesquisa: Análise de Discurso, Saber urbano e Linguagem, Ensino, História das Ideias Linguísticas e Divulgação Científica. Coordena o Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em Políticas de Saúde GIPS.
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Fernando Masanori possui graduação em Computação pela Universidade de São Paulo (IME-USP) e mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Atualmente é docente da FATEC São José dos Campos e seus principais interesses de pesquisa são: Algoritmos, Estrutura de Dados, Business Intelligence, Data Warehouse, Python, Pentaho, NoSQL, Google Technology. Ministrou cursos no Congresso da Abraji, no Curso Abril de Jornalismo e na Folha SP.
Introdução à Raspagem de Dados com Python
O acesso aos Dados Públicos tem aumentado no mundo e também no Brasil, principalmente depois da Lei de Acesso à Informação[1]. Através da programação em Python, vamos responder a perguntas como: quanto o Brasil gastou na Copa do Mundo; quais as escolas em funcionamento que não possuem luz, água e esgoto; quais os funcionários públicos que recebem um salário acima do teto. O curso está dividido em: 1) dar noções de programação em Python 2) usar essas noções para automatizar o acesso a Dados Públicos. O curso terá uma parte prática com exercícios para que os iniciantes possam fixar melhor os conceitos, auxiliados por alguns monitores.
Débora Sögur Hous estuda jornalismo na Universidade Federal do Paraná e descobriu, através da análise de dados do Portal de Transparência do Governo Federal, um sistema que desviava dinheiro destinado a bolsistas universitários. Sua pesquisa no Portal durou cerca de dois anos e, durante este tempo, desenvolveu ferramentas para sistematizar as informações obtidas.
Estela Domínguez Halpern integrante da Cátedra Datos desde 1997, possui formação em Sociologia e Ciências da Educação pela Universidade de Buenos Aires, Argentina. É consultora na área de Educação Técnica Profissional do Ministerio de Educación de la Nación, realizando diversos trabalhos junto a docentes de nível médio e profissional na Argentina. Sua pesquisa atual aborda a dinâmica e imbricação entre a modernidade, tecnologia e sociedade, focalizando os processos de convergência no qual nos encontramos imersos.
Baldosas por la memoria
Como el agua, como el gas, como la corriente eléctrica que viene de lejos a nuestras casas respondiendo a nuestras necesidades mediante un esfuerzo casi nulo, así seremos alimentados con imágenes visuales y auditivas, que nacerán y se desvanecerán al mínimo gesto, casi con una señal.
La conquista de la ubicuidad
Paul Valéry (1871-1945)
Los espacios están delimitados por las huellas que imprimen en sus geografías. Al caminar la Ciudad de Buenos Aires, recorremos heridas o suturas que constituyen parte de nuestra historia.
En el presente ensayo, proponemos transitar un instante de esta memoria que se encuentra latente en sus calles. En el 2005, distintas organizaciones barriales militantes por la Memoria y la Justicia, se propusieron reconstruir la historia de vida de los militantes populares detenidos-desaparecidos o asesinados por el terrorismo de Estado, antes y durante la última Dictadura Militar. Estos grupos autogestionados (Barrios por la Memoria y Justicia) se plantearon la actividad de investigar sobre la vida de estos detenidos – desaparecidos en cada barrio, armar un relato que refleje su historia y colocar una baldosa en homenaje.
Lo que la Ciudad mantenía oculto, comenzó a marcarse en sus veredas. A partir de estos palimpsestos, se trazó una ruta de trabajo que a través de la Analítica Cultural, nos permitirá visibilizar nuevas relaciones; no solo de violencia física y simbólica, de temor o de olvido, sino de producción y consumo, de trabajo y alienación. Desciframos los fragmentos esparcidos, por las Baldosas de la Memoria, cual migajas en el camino. Al tomarlas, evidenciaremos las tensiones y complejidades que los diversos actores sociales delinearon al atravesar su territorio.
Rafael Evangelista é mestre em Linguística e doutor em Antropologia Social pela Unicamp. Atua como professor-coordenador do Mestrado em Divulgação Científica e Cultural e como pesquisador no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo – Labjor/NUDECRI/Unicamp. Também tem formação em jornalismo científico, com forte atuação nos temas software livre e tecnologias da informação. Integra a LAVITS – Rede Latino-americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade
A emergência do capitalismo de vigilância e o poder das empresas de tecnologia da informação
A proliferação de dispositivos de registro integrados à internet é uma das marcas do desenvolvimento tecnológico da atualidade. A chamada Internet das Coisas transforma objetos de uso cotidiano em sensores responsáveis pelo envio contínuo de informações à rede. A esse processo se soma a Internet já tradicional, que ganhou completa centralidade como rede que concentra a maior parte da comunicação não presencial da humanidade. A comunicação via Internet depende da troca de registros entre computadores, sem a existência material desses registros a rede não é possível. A partir desses fatos já se estruturou entre as empresas de tecnologia da informação um modelo de negócios que se baseia na vigilância desses rastros, dessas materialidades que circulam pelos cabos e pelo espectro de radiofrequência. O capitalismo de vigilância se dedica a captar, armazenar e analisar o que circula pela rede, utilizando essas informações como matéria-prima de uma nova indústria bilionária e que concentra um enorme poder sobre mercados e populações. Esta fala vai detalhar o processo de constituição dessa indústria e procurará refletir sobre suas consequências, imediatas e futuras. Que novas relações sociais emergem ou se transformam em um contexto em que somos algoritmicamente vigiados não somente em nossas comunicações mas também em nossos corpos e ambientes de circulação? Shoshana Zuboff (2015) fala na indiferença formal com a qual o Big Data trata os sujeitos: são tanto objeto de escrutínio e vigilância, numa esfera infraindividual, como alvo de campanhas de marketing e estratégias de desenho de espaços de comunicação e ação. Que espaços há para esses sujeitos?
Vinícius W. O. Santos possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa e Mestrado em Divulgação Científica e Cultural pela Universidade Estadual de Campinas. É Doutor em Política Científica e Tecnológica pelo IG/UNICAMP. Suas pesquisas atuam principalmente nos seguintes temas: inclusão digital, software livre e políticas de internet. Atua no CGI - Comitê Gestor de Internet no Brasil.
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Eni Orlandi é doutora em Linguística pela Universidade de São Paulo e pela Universidade de Paris/Vincennes. Fundadora e pesquisadora do Laboratório de Estudos Urbanos (LABEURB) da Unicamp, introduziu os estudos de Análise de Discurso no Brasil e atualmente é professora e coordenadora do Programa de Pós Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Vale do Sapucaí – Univás e professora-colaboradora do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.
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Filarmônica de Pasárgada foi formada em 2008, reunindo alunos do curso de música da ECA-USP. Em 2013, lançou o seu primeiro disco - O Hábito da Força - que colocou o grupo entre as principais bandas da música independente paulistana. Também foi vencedora e premiada em importantes festivais de música pelo país.
Na rua e na rede: música e intervenção urbanas
A banda Filarmônica de Pasárgada foi convidada para falar do processo criativo de seu terceiro álbum, o Algorritmos, dando palhinhas das canções dele ao passo que participa do debate sobre a música e a performance urbanas no digital. O Algorritmos, que teve parte de seu financiamento realizado por meio de uma campanha de crowdfunding (colaborativa) na rede, é um disco totalmente dedicado ao tema da internet e da relação do homem com o computador.
Cada uma das 15 faixas, todas de autoria de Marcelo Segreto (pesquisador, idealizador, compositor e arranjador do grupo), se baseia em um algoritmo ou processo computacional. As canções imitam os formatos interativos encontrados na web: o chat, as redes sociais, o post e comentários, os sites de busca, o software colaborativo wiki, o vírus de computador, o algoritmo randômico, o hipertexto da rede www, entre outros.
O disco não se limita a meramente citar expressões ou palavras “internéticas”. Ao contrário, a originalidade do trabalho está no fato de reproduzir a própria experiência da internet na forma das canções. Na faixa “144 caracteres”, por exemplo, inspirada na rede social Twitter, há um corte abrupto no momento em que a letra alcança 140 caracteres. O CD tem produção musical de Alê Siqueira, projeto gráfico de Guto Lacaz e participações especiais de Tom Zé, Guilherme Arantes, Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Juçara Marçal, Zé Miguel Wisnik, Kassin e Tim Bernardes.
A Filarmônica de Pasárgada foi formada em 2008, reunindo alunos do curso de música da ECA-USP. Em 2013, lançou o seu primeiro disco, O Hábito da Força, que colocou o grupo entre as principais bandas da música independente paulistana. No mesmo ano, participou da gravação do EP Tribunal do Feicebuqui e, no ano seguinte, do CD Vira Lata na Via Láctea, ambos do compositor Tom Zé. Em 2014, lançou o seu segundo álbum, CD Rádio Lixão.
O grupo já lançou na internet dois importantes videoclipes: O seu tipo (2012) e Fiu Fiu (2014) com participação da cartunista Laerte e de Tom Zé, ambos dirigidos pelo cineasta Thiago Ricarte. A banda foi também vencedora e premiada em importantes festivais de música do país: Programa Nascente da USP, I Festival da Canção da UNICAMP, Festival Nacional da Canção (MG), WebFestValda (RJ), Festival Botucanto (SP), FAMPOP (SP), Festival de MPB do Conservatório de Tatuí e Festival de Música da Ilha Grande (RJ).
João Júnior migrou do Rio Grande do Norte para São Paulo em 2008, é diretor artístico, ator, produtor e membro fundador do Coletivo Estopô Balaio, grupo formado principalmente por artistas migrantes que desenvolve intervenções de arte pela cidade de São Paulo. O Coletivo já ganhou diversos prêmios com apresentações nacionais e internacionais. Na tentativa de reinventar a cidade para praticá-la, o coletivo se distancia do centro e se aproxima de outras cidades e outros modos de vida.
Portar(ia) Silêncio e as implicações existenciais de um processo migratório ou como a cidade é construída por dentro da pele.
Portar(ia) Silêncio é o primeiro espetáculo do Coletivo Estopô Balaio de criação, memória e narrativa que narra a experiência de nove migrantes nordestinos à cidade de São Paulo e o seu olhar através das portarias de edifícios e condomínios da cidade. O espetáculo construído a partir do olhar do migrante sobre a cidade invisibilizado pelas portarias revela as implicações existenciais de um processo de migração, tais como: busca por pertencimento, invisibilidade, o silêncio e a espera por suprir um espaço de suspensão na existência. Desterritorializado o migrante faz de seu corpo o território para apropriação da cidade. O ator encontra nos relatos dos porteiros as suas implicações, pois também é migrante vindo do Nordeste Brasileiro. O espetáculo narra a experiência com a cidade e seus deslocamentos na busca por revelar em cena os atritos desta experiência do tecido urbano no tecido-pele. O teatro se tornou um dispositivo de relação para olhar o espaço urbano buscando estranhá-lo através da reinvenção deste espaço através do olhar do artista.
PORTAR(IA) SILÊNCIO foi orientado por Luiz Fernando Marques (Lubi - Grupo XIX de Teatro), ganhou o premio Myriam Muniz em 2010 fez temporada no Teatro Alberto Maranhão em Natal (2010), Centro Cultural São Paulo em 2011, circulou pelas unidades do CEU em São Paulo, Temporada no SESC Tijuca - Rio de Janeiro (2014), apresentou no Sesc Bauru (2015), Sesc Campos - RJ (2015), Temporada no Barracão dos Clowns de Shakespeare - Natal/RN (2015), apresentou no Mira na cidade do Porto - Portugal (2015).
Greciely Costa possui mestrado e doutorado em Linguística na área de Análise de Discurso pela Universidade Estadual de Campinas, com doutorado sanduíche na Université de Paris XIII, em Paris. Atualmente, é professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Vale do Sapucaí – Univás. É coordenadora do Projeto de Pesquisa Imagens em suas discursividades.