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A presença das Línguas Africanas no Brasil Hoje
Os cultos de tipo “candomblé” das diferentes “nações”
(nagô-quetu, jeje, angola) utilizam diversas línguas:
iorubá, em todos os cultos e principalmente na nação
nagô-quetu; ewe-fon, nos cultos jeje; quimbundu e quicongo, no candomblé
de angola. No Maranhão, no tambor de mina, há um misto
de língua mina-nagô. Nos cultos de umbanda – religião
brasileira formada do encontro de cultos africanos e tradições
indígenas com o espiritismo e o catolicismo – fala-se português
brasileiro “popular”, com vocabulário, semantismo e traços morfossintáticos
particulares, próprios da “entidade” incorporada pelo médium
no estado de transe (Bonvini e Petter, 1998: 78). As “línguas africanas”,
utilizadas hoje ritualmente, mantêm-se como veículo de expressão
dos cânticos, saudações e nomes dos iniciados, principalmente,
podendo também servir como meio de comunicação entre
alguns adeptos da mesma comunidade de culto. A linguagem utilizada reflete
formas muitas vezes pidginizadas, em que o léxico e a gramática
distanciam-se da língua africana de origem, mesclando-se ao português.
O uso de “línguas africanas” – na verdade, um léxico de origem
africana – por comunidades negras rurais como forma de resistência
cultural foi registrado por duas obras: uma sobre a linguagem do Cafundó,
em São Paulo (Vogt e Fry, 1996) e outra a respeito da linguagem da
Tabatinga, em Minas Gerais (Queiroz, 1998). Em Minas Gerais, há menções
sobre situação semelhante no povoado de Milho Verde e em Capela
Nova (Queiroz, 1998: 32). Vogt e Fry relatam a existência em
Patrocínio (MG), de uma “língua” identificada como calunga,
com um léxico bastante semelhante ao do Cafundó, mas com um
uso bastante distinto: ela é falada por brancos e negros, indistintamente
(1996: 234-255). Não há outra notícia de “língua
africana” semelhante. As comunidades do Cafundó e da Tabatinga mantiveram
um reduzido léxico de origem banto que se atualiza dentro da estrutura
sintática do português. Seu uso se alterna com o do português
local, nas situações em que os interlocutores desejam ocultar
de estranhos o conteúdo de suas mensagens.
(M.P.)
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