Leia Mais sobre Nhandeva -Guarani

AVÁ KATÚ ETÉ, AVÁ-GUARANI, NHANDEVA : A palavra “avá” significa “pessoa”, “homem”, e comparece nas três designações possíveis e mais usadas para referir a essa parcialidade Guarani. A primeira é efetivamente uma autodenominação (mas não é encontrada ou não foi observada em todas as comunidades), e significa: “pessoas verdadeiramente autênticas” (Melià 1992:245). A segunda é uma composição que faz referência, por um lado, àquela autodenominação, e por outro, ao fato de serem reconhecidos como integrantes de uma comunidade lingüística maior (apesar das diferenças dialetais). Por fim, Nhandeva (na ortografia castelhana, Ñandeva) é uma expressão comum entre eles (embora não exclusiva dessa parcialidade), que significa “nossa gente” (nhande + avá). Sobre isso, escreveu Nimuendaju: 
 “Quando os Guarani falam de si mesmos, em seu idioma, como povo ou grupo, usam a expressão  ñandéva (quando o interlocutor também pertence ao grupo) e  oréva (quando pertence a outro grupo). Ambos significam “nossa gente”, incluindo os interlocutores no primeiro caso, e excluindo no segundo” (Nimuendaju [1914] 1987). 
 

NHANDEWA-GUARANI: Um conjunto particular de comunidades Nhandeva, no Brasil, merece referência à parte. Trata-se de grupos descendentes e remanescentes das migrações dos Tañyguá, Oguauíva e Apapokuva, saídos do Paraguay (hoje, região fronteiriça entre Mato Grosso do Sul e Paraguay) em direção ao Atlântico. Tais migrações, de caráter messiânico (em busca da “Terra Sem Males”), iniciadas na primeira metade do século XIX, duraram até o início do século XX (as últimas delas sendo acompanhadas por Curt Nimuendaju, que as relatou sua obra clássica). Delas resultaram as seguintes comunidades Guarani atuais: Laranjinha  e Pinhalzinho, no Norte do Paraná; Nimuendaju (antigo Posto Araribá), na região de Bauru (SP); Bananal, Itariri e Piaçaguera, no litoral paulista. Por serem grupos de origem comum que criaram e mantiveram uma rede de contato entre si, pela particularidade de se terem agregado neles os remanescentes de grupos migratórios diferentes e, por fim, pelo fato de que, ao longo do último século (em alguns casos, mais de século e meio), isolaram-se em relação à sua região de origem, essas seis comunidades conformaram uma unidade lingüística e cultural própria, motivo pelo qual tem sido diferenciadas, ultimamente, pela forma gráfica do registro de sua denominação: Nhandewa-Guarani, com “w” (adotando a ortografia que decidiram para registrar seu dialeto).

(W.A.)





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