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Maxacali
Língua indígena do tronco Macro-Jê (cf. Rodrigues
1986), o Maxakali é falado, atualmente, apenas em uma área
indígena no nordeste de Minas Gerais, na região das cabeceiras
do rio Itanhém. Sua população é de cerca de 900
pessoas (1999).
Os
Maxakali, que se autodenominam Tikmã-ãn, integram um mosaico
de povos caçadores e coletores, de língua Macro-Jê, que
habitavam – soberanos, até o século XVIII – vasta região
de floresta tropical do Planalto Atlântico, do nordeste de São
Paulo ao Sul da Bahia (entre outros: Malali, Pataxó, Nakrehé,
Giporok, Gut-Krak, Krenak, Coroado, Puri). Com a penetração
da colonização iniciaram-se, no século XVIII, práticas
de aldeamento, juntamente com escravização e outras formas de
exploração do trabalho e das pessoas, levando-os a buscar cada
vez mais algum refúgio longe da sociedade colonial. Nos séculos
XIX e XX sua história foi, quase sempre, marcada por violências
provindas dos fazendeiros ocupantes ou interessados em suas terras. Na primeira
metade do século XX os Maxakali tiveram terras demarcadas, separando
seu território contíguo, mas na década de 90 suas áreas
foram reunificadas.
Existem
vocabulários registrados da língua Maxakali desde o século
XIX (por exemplo, cf. Wied-Neuwied [1820] 1989) e um vocabulário registrado
por Curt Nimuendaju em 1939. O primeiro trabalho comparativo de algum interesse
é um ensaio sobre a “família lingüística MasÜakali”,
publicado por Chestmir Loukotka (1931). Alguns estudos descritivos da língua
foram produzidos nas décadas de 1960 e 1970 pelo casal missionário
do SIL (Summer Institute of Linguistics), Harold e Frances Popovich. Dados
do Maxakali tornaram-se mais conhecidos internacionalmente pela publicação
de Gudchinsky, Popovich & Popovich (1970), que despertou interesse para
aspectos importantes da fonologia da língua, gerando referências
em trabalhos de pesquisadores como Anderson (1976), Rodrigues (1981). Entre
os poucos estudos acadêmicos com dados de primeira mão destaque-se
a pesquisa de Pereira (1992) sobre alguns aspectos de morfologia e gramática.
A
língua Maxakali apresenta uma rica fonologia, com processos que despertaram
a atenção dos pesquisadores pelas implicações
para as teorias fonológicas (cf. Anderson 1976; Clements 1987; Wetzels
1993, 1995a, 1995b; D’Angelis 1994). As descrições da fonologia
costumam apresentar um quadro de 5 vogais orais e 5 vogais nasais e duas séries
consonantais: uma série de 6 fonemas ‘orais’ e uma série de
4 fonemas ‘nasais’. Pereira (1992) analisa a língua como morfologicamente
ergativa, com reflexos no sistema pronominal, complexificando-o. Como em
muitas línguas Macro-Jê, os verbos no Maxakali apresentam, em
geral, uma forma única, invariável, havendo, porém, um
conjunto restrito de verbos com diferentes formas para singular e plural.
Na sintaxe, a expressão de Aspecto parece configurar um sistema rico,
ainda pouco estudado. A ordem preferencial, nas orações independentes,
é SOV, não permitindo o apagamento do Objeto nessas orações.
(W.A.)
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