Indígenas
Baniwa
Os Baniwa, identificados também como Baniwa-Kurripako, localizam-se na fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela, ocupam toda a bacia do rio Içana e do rio Negro. Na Colômbia o rio Negro chama-se Guainía. Os Baniwa estão presentes também em São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos no estado do Amazonas (Brasil), Maroa e San Fernando de Atabapo na Venezuela, San Felipe e Puerto Inírida na Colômbia.
O nome Baniwa não é uma autodenominação indígena, mas ele vem sendo usado desde o período colonial para referir-se a um conjunto de povos que se encontram ao longo do rio Içana e seus afluentes. Esses povos, assim denominados, falam línguas da família Arawák, todas elas muito relacionadas entre si. Segundo Taylor (1991:7) a população mestiça do Alto Rio Negro referem-se aos falantes de língua Arawák do baixo e do médio rio Içana como “baniuas” e aos do alto Içana como “Curripaco”. Esse mesmo autor sugere que a etimologia Baniwa poderia estar relacionada à língua Geral amazônica, de origem Tupi-Guarani. Para Aikhenvald (2002:16) Baniwa é uma variante do Português maniva ou maniwa ‘mandioca’, um tubérculo comestível típico da região amazônica. O nome Kurripako, por sua vez, estaria formado por Kurri ´negação’ e pa-aku (prefixo impessoal-falar) ‘fala-se’. Dessa forma, Kurri é usado para dizer ‘não’.
As falas dos Baniwa e dos Kurripako representam uma mesma língua da Família Arawák, com apenas algumas diferenças lexicais e variações sintáticas superficiais. Os falantes referem-se a si mesmos com os nomes de seus principais clãs associados: Siuci, Hohôdone e Dzawinai no caso dos Baniwa; Kumandene e Ayanene no caso dos Kurripako.
Em Baniwa-Kurripako os nomes se dividem em inalienáveis e alienáveis. O primeiro grupo constitui morfemas presos, pois esse tipo de nomes deve ocorrer com uma marca pessoal que indica o possuidor. Nesse conjunto encontram-se as denominações de partes do corpo humano: -daki ‘corpo’, -hiwida ‘cabeça’, -iidzu ‘pêlo’; termos de parentesco: -hadua ‘mãe’, -eenipe ‘filho’; termos de anatomia animal e vegetal: -eewhe ‘ovo’, -whi ‘escama’, -nanaa ‘tronco’.-iiwi ‘flor’
Os nomes alienáveis são morfemas livres. À diferença dos anteriores, eles não precisam ocorrer com marcas do possuidor, como em: hiipada ‘pedra’, manahke ‘açaí’, haiku ‘madeira’, aapidza ‘queixada’.
Algumas palavras em Baniwa-Kurripaco:
ɲapi ‘osso’ pana ‘folha’ nu-kaapi ‘minha mão’
heema ‘anta’ dapana ‘casa’ pi-ita-ni ‘tua canoa’
Ángel Humberto Corbera Mori