Indígenas
Xokleng
Língua indígena da família Jê, integrante do tronco Macro-Jê (cf. Rodrigues 1986). Atualmente falada apenas em Santa Catarina, o xokleng integra, com o kaingang, o restrito grupo Jê Meridional. De fato, trata-se de duas línguas intimamente aparentadas, com muitíssimos traços em comum, podendo-se falar de uma sub-família Kaingang dentro da família Jê.
Os xokleng, que atualmente preferem denominar a si mesmos de Laklanõ, já ocuparam extensa faixa de território unindo, em forma de arco, os campos do centro do Paraná (na região de Guarapuava) aos campos do nordeste do Rio Grande do Sul, chegando próximos à região da atual cidade de São Leopoldo. Entre os dois extremos, inclinado-se para leste, o arco aproximava-se do litoral catarinense, e seus domínios incluíam os Campos de Lages. Há notícia de contatos de população xokleng com jesuítas espanhóis no Paraná já no início do século XVII, e com expedições militares portuguesas (que rechaçaram) nos Campos de Guarapuava em fins do século XVIII. Perseguidos sobretudo depois da Carta Régia de 1808 pela qual Dom João VI lhes declarou guerra, aos poucos retiraram-se dos campos e buscaram refúgio na Serra do Mar. No início do século XX se tinha notícias de apenas duas regiões de domínio dos Xokleng, uma no rio Hercílio (ou Braço do Norte) e outra nas proximidades de Palmas. Perseguidos por exterminadores profissionais, grupos das duas regiões foram alcançados pela ação do SPI (Serviço de Proteção aos Índios) e entraram em contato amistoso com os invasores não-índios no início da década de 1910. Em breve foram todos reduzidos ao único grupo da região de Ibirama (SC), em terras que lhes foram demarcadas nas margens do rio Hercílio. Atualmente a população Xokleng/Laklanõ se constitui de pouco mais de mil pessoas, a maior parte não mais falante da língua de seus antepassados.
Leia mais
Referências bibliográficas
Wilmar D'Angelis