O condomínio fechado é definido no dicionário Aulete como “Condomínio residencial em que as instalações ger. são cercadas, e para as quais o acesso é controlado”. Funciona aí a distinção condomínio aberto/condomínio fechado, Entre os dispositivos de fechamento destacam-se: muros, portaria com controle de entrada e saída, cercas elétricas, sistemas de segurança reforçados, câmeras de vigilância. Note-se que há uma tendência atualmente, no senso comum, a chamar de condomínio o condomínio fechado (“moro em condomínio”), distinguindo-se, por exemplo, “condomínio” de “prédio”.
O condomínio fechado também é significado geralmente como distante dos centros urbanos e em contato com a natureza, com o meio ambiente. A autossuficiência é uma das marcas desses empreendimentos, como se nota na apresentação da empresa Alphaville, empresa “urbanizadora” que se tornou um modelo de concepção de condomínios fechados:
“Líder nacional em empreendimentos horizontais, bairros planejados e núcleos urbanos, a Alphaville é a principal urbanizadora do país e está presente em 22 estados brasileiros com projetos que reúnem infraestrutura e urbanismo de qualidade superior e consciência ambiental.
A empresa tem como carro-chefe a marca Alphaville, de condomínios de grande porte e alto padrão. O portfólio é diversificado e traz também a marca Terras Alphaville, com lotes a partir de 300m² e ênfase no convívio e segurança. Com mais de 40 anos de atuação, o tipo de desenvolvimento proposto pela Alphaville é ilustrado pelo sucesso em Barueri, seu primeiro empreendimento. Com mais de 3 milhões de metros quadrados de área, o local inclui escolas, shopping centers, supermercados, edifícios comerciais e serviços que garantem a conveniência dos moradores.
Barueri é um exemplo do conceito de núcleo urbano da Alphaville. Polos planejados, autossuficientes e sustentáveis, compostos por infraestrutura completa e planejados para um padrão racional de ocupação, que garanta harmonia entre o espaço urbanizado e o meio ambiente. Além de qualidade de vida, garante a valorização progressiva do empreendimento.” (ALPHAVILLE, 2015)
Dentre os sentidos de “urbanização” que se apresentam nesse discurso estão: “qualidade superior”, “consciência ambiental”, “condomínios de grande porte e alto padrão”, “convívio e segurança”, “conveniência dos moradores”, “polos planejados, autossuficientes e sustentáveis”, “infraestrutura completa”, “padrão racional de ocupação”, “harmonia entre o espaço urbanizado e o meio ambiente”, “qualidade de vida”, “valorização progressiva do empreendimento”.
Ainda conforme a apresentação do site da Alphaville, são sete os ‘Pilares do Negócio”: tecnologia de infraestrutura (“tecnologia avançada de infraestrutura”), meio ambiente (“sistema de gestão ambiental”), bom investimento (“oportunidades de negócios e empregos”, “desenvolvimento sustentável”), lazer (“convívio social”, “esportes”, “qualidade de vida”), segurança (“sistemas mais indicados para cada local”, “comportamento seguro”), conveniência (“unidades empresariais e comerciais”, “conforme as necessidades de cada local”, “centro comercial de conveniência e serviços para tornar mais prático o dia a dia dos moradores”), incentivo à educação (“Ao construir empreendimentos distantes dos grandes centros, a Alphaville procura incentivar a implantação de escolas. Para isso, mantém parcerias com instituições de ensino conceituadas”).
Os projetos de condomínios fechados se sustentam, assim, em um discurso urbanista, que aponta para certos valores empresarias, envolvendo relações entre “autoridades, investidores e empresários”. Se do ponto de vista dos empreendedores e da imagem de "comunidade" que se forma aí, o condomínio é autossuficiente, quando se pensa a relação com a cidade temos uma forma de segregação espacial e social, acompanhada dos conflitos que ela produz, além das questões urbanísticas que se colocam com a disponibilização de infraestrutura para locais distanciados das regiões centrais e com os efeitos da especulação imobiliária.
Bibliografia
ALPHAVILLE. Disponível em: http://www.alphaville.com.br/institucional/historia. Acesso em: 24 de março de 2015.
AULETE DIGITAL – O DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Disponível em: http://www.aulete.com.br/ru%C3%A3o#ixzz3UbUoZwXK. Acesso em 17 de março de 2015.