bairro-escola

Maria Teresa Martins

     "Gestão de potencialidades educativas”, “Tecnologia social de baixo custo”, “Política pública”, “Trabalho em rede” compõem a rede sinonímica ligada à expressão bairro-escola, que se relaciona ao discurso da Associação Cidade Escola Aprendiz, encabeçada pelo jornalista Gilberto Dimenstein.
     A expressão foi criada em 1997 juntamente com a implementação do projeto na Vila Madalena – SP e designa “um novo modelo de gestão de potencialidades educativas, que busca transformar toda a comunidade em extensão da escola, trançando o processo de ensino-aprendizado à vida cotidiana”1.

     Enquanto modelo de gestão, trabalha com o que os idealizadores chamam de Capital Humano. O atravessamento da discursividade econômico-administrativa ecoa trazendo para o discurso da Associação a questão do baixo custo do projeto, acrescentando aos sentidos de bairro-escola: “Tecnologia social”. Em notícia no site Aprendiz2, salienta-se o fato da implementação em Nova Iguaçu – RJ ter um custo de R$12,00 mensais por aluno. Isso se deve ao fato de, no conceito de bairro-escola, serem aproveitados todos os espaços e equipamentos urbanos já existentes: é a educação escolar que vai para a rua. “Escolas, praças, parques, igrejas e postos de saúde. Todos funcionando integrados e sendo aproveitados como espaços de aprendizagem. O conceito de Bairro-Escola - que busca utilizar as potencialidades educativas do bairro - consolidou-se e já é aplicado como política pública efetiva em diversos locais do país, servindo como solução para problemas das áreas da educação, da segurança, da saúde, entre outras”.

     O projeto, que conta com o apoio do MEC, do UNICEF e da Fundação Banco do Brasil, é retomado como política pública por gerar adequações no espaço público para receber a circulação e as atividades das crianças: “Tudo na cidade funciona em função do bairro-escola. Os caminhos entre as Capa do livro Bairro-escola: passo-a-passo (2007).escolas e os espaços onde acontecem as atividades extracurriculares têm uma faixa no chão pintada de vermelho para que as crianças possam andar sem problemas. Os ambulantes recolheram suas barracas para dar passagem às crianças, os motoristas de ônibus foram educados para que parassem os veículos ao ver as crianças passando, toda a sinalização da cidade foi modificada, os muros ganharam cores e os moradores foram sensibilizados”2.

      Enquanto trabalho realizado em rede, o bairro-escola se define pela procura em “conectar o maior número possível dos diferentes atores integrantes da comunidade: as escolas, os comerciantes, os gestores públicos e todos os outros agentes.”3.

      Gilberto Dimenstein também emprega a expressão Bairro Educador. No entanto, no conceito de bairro educador o bairro recebe projetos e atividades de instituições e profissionais parceiros como o Instituto Baccarelli, Antonio Candido e Ruy Otake. A escola é o espaço central do bairro onde se concentram as principais atividades. Já no bairro-escola, a educação é o conceito central, mas ela se dá fora do espaço da escola também. A proposta é justamente sair dos muros da escola e desenvolver atividades educativas no espaço urbano: “Imagine uma escola sem muros, aberta à comunidade, que beneficie a todos e também seja cuidada por todos. Uma escola imensa, com quadras de esporte, praças e parquinhos, cinemas, teatros, museus, ateliês, entre muitas outras facilidades. Uma escola em que o saber acadêmico tem tanto valor quanto o saber popular e em que o currículo é uma grande trilha, ao longo da qual se vivenciam experiências e descobertas”1.

 

Maria Teresa Martins

 

Referências

1 MEC; UNICEF; CIDADE ESCOLA APRENDIZ. Bairro-escola: passo-a-passo. Brasil: MEC, 2007. Disponível gratuitamente em: www.unicef.org/brazil/pt/bairro_escola.pdf.

2 APRENDIZ. Cidades consolidam Bairro-Escola: como política pública. Disponível em: http://aprendiz.uol.com.br/content/cimeshecod.mmp. 

3 APRENDIZ. Bairro-Escola: o desafio de trabalhar em rede. Disponível em: http://aprendiz.uol.com.br/content/frohespest.mmp.

 








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