E-URBANO

ISBN: 978-85-98807-06-5

Apresentação

Neste livro digital, publicado pelo Laboratório de Estudos Urbanos – LABEURB, os leitores e navegadores do ciberespaço, vão encontrar uma série de capítulos reunidos em torno da reflexão sobre os sentidos do espaço urbano e do espaço digital, sentidos que fazem com que o urbano e o digital se re-signifiquem e re-signifiquem o modo como o sujeito experimenta, vive o espaço, nos dando pistas para compreendermos a sociedade contemporânea. 

Toda a reflexão aqui apresentada resulta do trabalho do grupo de pesquisa e-urbano, das discussões desse grupo em torno das questões sobre o sujeito, a sociedade, a cidade, a mídia, o conhecimento, a divulgação científica, a autoria, a subjetividade, a ideologia, a tecnologia, enfim, questões que foram reunidas nos trabalhos apresentados na I Jornada e-urbano, da qual resultou esse livro digital.  

Assim, os artigos aqui reunidos constituem uma reflexão forte sobre a nossa sociedade contemporânea e a constituição do sujeito nessa sociedade [determinada pelo] tecnológica, digital, da informação e do conhecimento.

O artigo de Eni Orlandi nos dá as condições teóricas de produção de sentidos e de compreensão do funcionamento da sociedade contemporânea. A autora visa compreender o modo de individualização do sujeito nos possíveis movimentos da sociedade e das relações de poder. Trata-se da relação sujeito, indivíduo e sociedade. Mas não uma relação sociológica, e sim discursiva. Assim, Eni Orlandi traz uma análise do “sujeito da pichação, do grafite, do piercing, da tatuagem e do rap, o menino do tráfico (Falcões) que, em seu conjunto, constituem a produção do que [ela tem] chamado de discurso urbano”. Além disso, a autora traz também para suas considerações, “o mundo globalizado e as tecnologias de linguagem (tanto o mundo eletrônico como a mídia)”.

Cristiane Dias explora o conceito de e-urbano, mostrando o funcionamento da discursividade do eletrônico na constituição do espaço urbano e na constituição do sujeito que circula pelo espaço urbano.

Marcos Barbai propõe “pensar o cybercrime materializado na prática da pedofilia, em tempos de internet”. A partir da análise de textos do site da ONG Safernet Brasil, o autor questiona os discursos estabilizados da violência e da criminalização, buscando compreender que sentidos para crime são produzidos no espaço digital e também no espaço urbano.

Telma Domingues da Silva vai trabalhar a relação de sentido que se produz entre Televisão e Internet, “no que diz respeito ao funcionamento de uma imagem de cidadão – imagem que subjaz à prática da divulgação científica na chamada sociedade da informação”, conforme palavras da autora. Para tanto, Domingues vai problematizar e analisar a campanha publicitária produzida pela Associação Brasileira de Anunciantes – ABA e pela Associação Brasileira das Agências de Publicidade – ABAP intitulada “Propaganda faz a diferença”. O questionamento: “como compreender as relações entre a publicidade e uma “cultura” do/no país?” é o que norteia a reflexão proposta neste artigo.

Ana Silvia Abreu explora e questiona, em seu artigo, a autoria, a leitura, a produção do conhecimento, em tempos de internet, no funcionamento discursivo da materialidade digital. Para tanto, analisa ambientes virtuais de aprendizagem, tomando-os como espaços de linguagem, de política.

Maristela Cury Sarian traça uma reflexão sobre o discurso da inclusão digital, buscando compreender os sentidos que são produzidos e postos em funcionamento pelo discurso governamental, através de programas e políticas públicas. Mais especificamente, a autora se deterá na análise do Programa UCA – Um computador por aluno – através do caderno Um computador por aluno: a experiência brasileira (2008).

Wagner cantori, através de um corpus de textos radiofônicos, notas, reportagens e entrevistas das editorias “Ciência & Saúde”, “Meio Ambiente” e “Tecnologia”, da CBN: emissora AllNews de maior circulação nacional, mostra o “funcionamento de marcas e propriedades do texto que produzem o efeito de objetividade jornalística”.

Vinicius Wagner Oliveira Santos apresenta um estudo que “visa a identificar uma interface entre os processos de divulgação científica e inclusão digital”. Para tanto, o autor analisa as atividades desenvolvidas no âmbito do Projeto Barracão, um projeto de pesquisa e extensão, que visa desenvolver oficinas num bairro de periferia da cidade de Campinas, o Eldorado dos Carajás. Em sua pesquisa, Santos questiona: como as atividades do Projeto Barracão irão produzir efeitos de sentido na comunidade? Que sentidos esses sujeitos produzirão acerca do discurso científico e a prática tecnológica, artística e cultural, junto ao projeto?

Enfim, o vídeo realizado por Mário Lyz (texto/roteiro), Adriano Barros (direção/ trilha/edição) e participação especial de Odilon Castro, trabalho coordenado por Allyson Vitale, nos apresenta numa mistura de som, cores, movimentos, o cenário, as cenas da cidade. “O sujeito é composto: ele é uma criatura somática galgada no subjetivismo e nos fatores externos que o circundam”, dizem os autores, no roteiro do vídeo. “Sujeito composto”, “convicto”, “consumo”, “com sumo desejo”. 

           

            Tenham todos uma boa leitura/navegação!

 

Cristiane Dias.

Labeurb/Nudecri – Unicamp

Abril de 2011.