Revista Rua


Nomes de estados brasileiros em ruas e avenidas de Pontes e Lacerda: Sentidos de urbanização do/no extremo oeste brasileiro
Names of Brazilian states in streets and avenues of Pontes e Lacerda: senses of urbanization of/in Brazilian west

Divino Alex Rocha de Deus

Assim posto, o que constitui a identificação não é a nomeação em si, embora ela faça parte do processo pelo modo como se dá o agenciamento. O que identifica é a designação do nome produzida a partir de relação linguística (simbólica) tomada na história, exposta ao real.
A partir da perspectiva teórica que esboçamos acima, buscamos analisar o processo enunciativo que nomeia ruas e avenidas da cidade de Pontes e Lacerda com nomes de estados brasileiros e compreender o funcionamento desses nomes na produção de sentidos, por que não dizer produção de história no espaço enunciativo que significa a cidade. Tomamos como corpus de análise o conjunto de nomeações de ruas e avenidas que trazem nomes de estados: Rua Goiás, R. Rio Grande do Sul, R. Ceará, R. Amazonas, R. Sergipe, R. Pernambuco, Avenida Paraná, Av. Mato Grosso, Av. Bahia, Av.  São Paulo e Av. Minas Gerais. Pelo postulado teórico aqui mobilizado, podemos afirmar que as enunciações que nomeiam esses espaços urbanos são determinadas por uma história de nomes que se repetem em ruas e avenidas de muitas cidades brasileiras, podendo produzir diferentes histórias de sentidos e significar diferentes memórias de urbanização brasileira.
Para compreender a significação destes nomes no espaço urbano no extremo oeste de Mato Grosso, gostaríamos de atentar ao aspecto do funcionamento dos nomes de rua enquanto efeito do discurso institucional e administrativo, conforme anteriormente afirma Guimarães, e pensar esse efeito da história de organização e institucionalização do espaço urbano da cidade[2], no caso em estudo, cidade de faixa de fronteira. Cremos que nessa direção torna-se interessante compreender o processo sócio-histórico em que se dá a enunciação que nomeia o espaço urbano de Pontes e Lacerda.  Assim, nos ocuparemos, primeiramente, em compreender o contexto social e histórico em que se dá o processo enunciativo da nomeação das referidas vias urbanas. A partir daí, buscaremos analisar as estruturas morfossintáticas e o funcionamento semântico-enunciativo dos nomes de ruas e avenidas da cidade de Pontes e Lacerda pensando-os em relação à história de ocupação e urbanização no Brasil.


[2] Orlandi (1999), em N/O limiar da cidade, discute a relação da cidade e o urbano e aponta que o urbano sobredetermina a cidade, assim, a cidade é significada pelo modo que o urbano faz ver a cidade pelas diretivas da organização do espaço e do social.