Revista Rua


Nomes de estados brasileiros em ruas e avenidas de Pontes e Lacerda: Sentidos de urbanização do/no extremo oeste brasileiro
Names of Brazilian states in streets and avenues of Pontes e Lacerda: senses of urbanization of/in Brazilian west

Divino Alex Rocha de Deus

Pontes e Lacerda: contexto sócio-histórico
 
A região que circunscreve hoje Pontes e Lacerda é proveniente de uma territorialidade de fronteira entre Brasil e Bolívia que já foi alvo de disputa entre lusitanos e espanhóis no período colonial. Como forma de assegurar esse território pelo domínio português, fundou-se na região, ainda no século XVIII, a primeira capital de Mato Grosso, Vila Bela da Santíssima Trindade, que provocou uma considerável ocupação na localidade. Mas com a transferência da capital para Cuiabá, a região perdeu prestígio e ficou às margens da ocupação e formação do estado mato-grossense. Somente no século XX, por meio de políticas de incentivo à ocupação, ocorreu a retomada da migração para a região.
De modo mais específico, a formação populacional de Pontes e Lacerda se deu a partir da década 50, período em que começaram a chegar emigrantes de outros estados e formaram as  primeiras fazendas para criação de gado e cultivo de agricultura.[3]  Na década de 70, o movimento migratório na região de faixa de fronteira ganhou forças com as políticas governamentais que fomentaram a ocupação do oeste do país, as quais se efetuaram nos discursos sobre ofertas de terras férteis, somadas aos discursos sobre as riquezas naturais, que promoveram a extração de minérios, principalmente do ouro.
A implantação da rodovia asfaltada possibilitou o acesso mais rápido até a capital Cuiabá e contribui fortemente para o processo de migração para o extremo oeste do país. Posteriormente, a extração de madeira continuou alimentando o deslocamento de pessoas de vários estados nesse espaço. Instalaram várias indústrias madeireiras, fomentando, assim, o crescimento da localidade e a configuração de um espaço urbano.
Nos discursos institucionais (do Estado), a região ganhava visibilidade pela chegada do ‘progresso’, do crescimento populacional e pelo potencial econômico. A partir daí, a região que, até então era apenas território da primeira capital de Mato Grosso, passou a ser constituída como distrito, em 1976.  E recebeu o status de município no início dos anos 80.
Nesse entremeio em que se deu a ocupação expressiva até a criação do município de Pontes e Lacerda, o Estado precisou intervir na organização do espaço urbano que se configurava com a chegada constante de emigrantes. Nessas condições, institucionalizou-se a presença do Estado na região fronteiriça através da instalação, em 1970, da CODEMAT - Companhia Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso - que se responsabilizou pela regulamentação do aspecto urbano da localidade.


[3] Conforme site oficial http://www.ponteselacerda.mt.gov.br/Historia-do-Municipio; consultado em 04/01/11.