Revista Rua


E quando a pichação é da prefeitura? Pichar, proscrever, dessubjetivizar
And what about graffiti done by municipality administration? Spraying, proscribing, de-subjectivating

Bethania Mariani e Vanise Medeiros

Idade Média a oposição à ação era paixão (adoecer) –, o que o leva a observar, então, que a “problemática da resistência é moderna e se articula intimamente à ideia de reação como oposto e simétrica à ação nesse contexto histórico” (ibidem, p. 330).
Se o Estado tem o poder de intervir sobre a cidade demolindo casas para poder abrir novas ruas ou realizar obras de metrô, para recuperar dois exemplos, o que se destaca com a sigla é a forma com que tal poder comparece: como pichação na moradia privada, mancha na parede externa da casa, que não pode, no entanto, ser retirada (limpa?) por ter sido feita pelo Estado. A foto, ao lado da pichação pelo Estado, produz outros efeitos: da força estética da arte em oposição à mancha pelo Estado. 
Com as fotos nas paredes das casas tem-se a resistência como reação à ação do Estado. A questão que fica para outra reflexão é quanto à simetria: até que ponto à força do Estado se opõe a outra força – simétrica – da estética da arte?
 
 
Referências bibliográficas:

BARTHES, Roland. 2009. A câmara clara. Lisboa: edições 70.
 
BIRMAN, Joel. 2006. Arquivos do mal-estar e da resistência, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
 
CAMPOS, Andrelino. 2007. Do quilombo à favela: a produção do “espaço criminalizado” no Rio de Janeiro , 2ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
 
DAVIS, Mike. 2006. Planeta favela, São Paulo: Boitempo.
 
DINIZ, André e HORA, Maurício. 2011.  Morro da favela, São Paulo: Leya.
 
ELIA, Luciano. 2010. O inconsciente público e coletivo e a estrutura da experiência psicanalítica.  Trabalho apresentado no IV congresso de Psicopatologia Fundamental, organizado pela Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental.  Curitiba.
 
FLUSSER, Vilém. (.2011.  Filosofia da caixa preta. São Paulo: Annablume.
 
HEIDEGGER, Martin. “Construir, habitar, pensar”. Tradução por Marcia Sá Cavalcante Schuback. In:
 <http://www.prourb.fau.ufrj.br/jkos/p2/heidegger_construir,%20habitar,%20pensar.pdf>
 
HOUAISS, Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. 2003. versão eletrônica.