Revista Rua


Textualidade infográfica eletrônica: efeitos de velocidade para a leitura
Electronic textuality infograph: velocity effects for the reading

Silvia Regina Nunes

Introdução
Tenho me dedicado a compreender as práticas de leitura no discurso do infográfico. É um objeto que abriga a emergência sócio-histórica da imbricação material (LAGAZZI, 2009), seja na sua formulação impressa ou na eletrônica[1]. Uma das consequências das análises já empreendidas recai sobre a compreensão do gesto de clicar, que tem se imbricado nas práticas de leitura da sociedade contemporânea, cada vez mais digital (NEGROPONTE, 2006).
O clicar faz parte do funcionamento do infográfico eletrônico, aconteça pelo mouse, touch pad (track pad)ou pelo toque na tela, como no caso dos equipamentos touch screen. Afirmo que a injunção ao clicar em um link é marca estrutural da textualidade infográfica eletrônica, uma vez que a relação entre o clique e o link produz a movimentação dos elementos significantes (imagens/desenhos/fotografias, vídeos, gráficos, som) neste material. A relação do sujeito com a máquina (mouse, teclado, tela), isto é, com a forma tecnológica disponível para acesso - ou seja, sua interface - é determinante para o funcionamento do infográfico eletrônico.
Há infográficos eletrônicos que são postos em funcionamento por um único clique, outros funcionam pela necessidade de cliques em sequência, e ainda há os que demandam cliques em pontos diversificados. O campo do jornalismo infográfico designa este processo como sendo uma relação entre a máquina e um banco de dados, relação que permite, por meio de links, o acesso às informações disponibilizadas na forma de textos, imagens, sons, gráficos estatísticos, vídeos, etc.
O gesto de clicar instaura a possibilidade de movimento dos elementos significantes, produzindo efeitos de que a formulação eletrônica seria aberta, contudo o banco de dados já é um recorte posto à disposição da possiblidade do clique, visto que há uma seleção prévia dos materiais, realizada por alguém. Não há garantia de que a leitura de um banco de dados (por mais “completo” que seja) traga exclusivamente novidades (novas informações) ao leitor, pois o gesto de leitura e a produção de sentidos estão determinados pelas condições de produção da história (de leitura e de vida) do leitor (ORLANDI, 1996).


[1] Conforme Orlandi (2010) que, em sua reflexão sobre este objeto de análise, o relaciona a automação e o batiza como eletrônico no processo de constituição de uma reflexão sobre o virtual, pensado nos termos da não transparência da linguagem.