Revista Rua


Textualidade infográfica eletrônica: efeitos de velocidade para a leitura
Electronic textuality infograph: velocity effects for the reading

Silvia Regina Nunes

O link é considerado por Morello (2003) como um mecanismo discursivo de dupla face. Seguindo esta concepção, o movimento engendrado pela injunção clique-link produz específicos trajetos de leitura no infográfico eletrônico. A possibilidade de seleção dos links produz um efeito pragmático/performativo, em que o leitor do infográfico fica, imaginariamente, na posição de selecionar o trajeto que quisesse. Nesse movimento se constitui um efeito de controle sobre seu próprio percurso de leitura. Contudo, conforme reflexão de Morello (2003) o link ao mesmo tempo em que mostra o trajeto a ser seguido marca, também, os trajetos que ficaram de fora, trajetos que são impossíveis de demarcar pelas determinações específicas do modo de produção da cada leitura, bem como pela propriedade fundante da linguagem: a incompletude. E é por isso que há somente efeito de controle sobre o trajeto de leitura percorrido pelo leitor.
O imaginário que circula de que o hipertexto seja uma rede composta por nós ligados por conexões de forma não linear produz efeitos de que a rede abarcaria uma totalidade de informações disponíveis na internet e que tais informações seriam infinitas. Porém, no infográfico eletrônico, o que fica disponibilizado para acesso (seja como texto, imagem, som, etc.) não é infinito e inesgotável, mas delimitado pelas condições de produção do próprio discurso eletrônico. Isto quer dizer que em um determinado ponto estes elementos significantes começam a ser repetidos.
A textualidade infográfica eletrônica administra o trajeto de leitura da temática abordada, pois ao mesmo tempo em que produz um determinado modo de fazer circular as informações, já dá ao leitor um modo específico de lê-las e compreendê-las. Um funcionamento temporal específico da infografia regularia esta prática de leitura, pois textualizar em formas esquemáticas e sintéticas produz a demanda de uma leitura ancorada no efeito de velocidade.
 
Referências
AMOSSY, R.; HERSCHERBERG P. A. 1997. Stéréotipes et clichés, Paris: Nathan.
D’OLIVO, F. M. 2010. O social no cordel:uma análise discursiva. Dissertação de Mestrado. IEL/UNICAMP.
GRUPO RBS – Jornal de Santa Catarina e A Notícia.Os efeitos do crack no organismo. In Campanha: Crack nem pensar. Disponível emhttp://zerohora.clicrbs.com.br /especial/br/cracknempensar/conteudo,0,3755, Comocrackagenoorganismo.html. Acesso em 06/08/2013.