Revista Rua


Havia uma Canudos no "Pinheirinho" em São José dos Campos: Sentidos da ação policial no espaço urbano.
War of Canudos relived in Pinheirinho: meanings of police action in urban space.

Anderson de Carvalho Pereira

ponto de vista das condições de produção, é necessário neste momento pontuar ainda que a recorrência às paráfrases atua na constituição da “ação policial” e se filia a um modo de o discurso jornalístico se ritualizar.
Como resultante, temos como efeito-leitor dominante o lugar a ser ocupado pelo sujeito, já designado pela crença numa confabulação tácita, a ser desvelada pelo discurso jornalístico e em que, por ser baseada em “fatos” disfarça a dispersão, a dimensão das “coisas a saber”, e que se incluem os diversos modos dos relatos possíveis de derivarem do “mesmo” acontecimento.
De modo contraditório, a possibilidade de uma tomada de posição discursiva (pelas lacunas interpretáveis do simbólico) divergente do “fato” é apagada pelo lugar imaginário de espectador constituído pelos sentidos dominantes que, não se mostram como disputa, mas de forma linear (MARIANI, 1998).
É assim que a discursivização no discurso jornalístico pela produção em larga escala de materialidades discursivas em que a ritualização narrativa sustenta a ilusão de um lugar no imaginário.
Ao percorrer as inúmeras manchetes sobre os acontecimentos do bairro “Pinheirinho”, temos esta marca relevante das condições de produção do discurso jornalístico a partir da qual se articulam disfarces, simulacros e recorrências entre os sentidos de ação policial.
 
(Des)continuidades do espaço urbano e o real da História: os conflitos sobre o “Direito à propriedade”
O apontamento de que em meio às formações discursivas dominantes acima apontadas, há um resto de resistência se fundamenta na insistência do real da luta de classes e sua impossível resolução, de modo que temos um entremeio de dizeres nem abertos, nem fechados, mas que clamam pela continuidade de um embate e movimentação na atribuição de sentidos, possíveis e necessários à promoção de transformações sociais em função da divisão de classes.
A este propósito é inevitável um retorno a Marx e Engels (1998[1845-46]. Os autores explicam que a divisão do trabalho ocorre em função da divisão material e intelectual. Esta última se fundamenta na idéia de uma consciência além das atividades concretas, a delimitação de interesses conflitantes entre o indivíduo isolado, e formas sociais como a família e a comunidade que se acentuam com o predomínio de uma consciência supostamente além das práticas sociais, mas que na verdade “representa