Revista Rua


Uso da terra real e formal no município de Paulínia (SP): Contribuição para o planejamento municipal
Real and formal land use at the city of Paulínia (SP): A contribution to the urban planning

Cinthia de Almeida Fagundes*, Lindon Fonseca Matias**

outorgadas pelo reino de Portugal em meados de 1790, onde se instaurou um pequeno núcleo de povoamento composto por algumas pessoas influentes do núcleo urbano de Campinas para o desenvolvimento de práticas agrícolas, especialmente cultivo de cana-de-açúcar e café.
Até 1963 as atividades produtivas em Paulínia eram basicamente agrícolas, onde se destacavam o cultivo de café, cana, milho e algodão. A área urbana ocupada não passava de poucos quarteirões, concentrados em torno de uma capela. Todavia, já em 1942, com a instalação da Rhodia (indústria química e têxtil), iniciou-se um processo mais significativo da função econômica desta vila. A proximidade com a cidade de São Paulo, local da sede da empresa no Brasil, associada a fatores geográficos existentes como a presença de recursos hídricos abundantes, solos apropriados ao cultivo de cana e um relevo pouco acidentado, foram elementos importantes para a escolha da localização da indústria (BARBOSA, 1994; MÜLLER; MAZIERO, 2006). Por conta da instalação da Rhodia, já na década de 1940, Paulínia se tornou o distrito de Campinas que mais arrecadava impostos, fato que contribuiu para o anseio à emancipação.
Apesar dessas transformações oriundas da implantação da Rhodia, que aumentaram as incitações para a emancipaçãoque se configurou em 1964, o município ainda apresentava um caráter eminentemente agrícola com destaque para o cultivo da cana-de-açúcar (33,90%), culturas comerciais (15,16%), culturas alimentares (8,15%) e reflorestamento (7,97%), totalizando 65,18% da extensão territorial do município. A classe de uso não agrícola correspondia a somente 4,18% da área total, sendo que menos de 1% era uso urbano efetivo, local da antiga vila de José Paulino que deu origem a cidade. As chácaras (1,37%), de característica rural, incluíam horticultura e criação de pequenos animais, enquanto a área industrial (0,57%), ainda bastante diminuta no município, resume-se a presença da Rhodia localizada junto ao rio Atibaia ao leste do município (MATIAS, 2009).
Com a implantação da Refinaria de Paulínia (Replan) ocorrida entre 1968-1972, Paulínia passou por transformações socioespaciais de significativa relevância, com mudanças no uso da terra observadas na paisagem como também na economia munícipe. Este acontecimento em Paulínia é fruto do momento de centralização do poder no Brasil pelo governo militar, quando houve uma mudança no padrão da industrialização nacional. Investimentos prioritários foram garantidos à prospecção de petróleo, expansão da siderurgia, programa nuclear, transportes e telecomunicações, inseridos nas diretrizes do I e II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) que