Revista Rua


Uso da terra real e formal no município de Paulínia (SP): Contribuição para o planejamento municipal
Real and formal land use at the city of Paulínia (SP): A contribution to the urban planning

Cinthia de Almeida Fagundes*, Lindon Fonseca Matias**

(educação, saúde e transporte) (CUNHA; DUARTE, 2000). O crescimento da população paulinense, assim como de Campinas e da RMC, desde 1970, pode ser observado nos dados expressos a seguir (Tabela 1).
O cenário de progresso econômico, disseminado à população na forma de propaganda ideológica desde a implantação da Replan mascarou, de certa maneira, os problemas socioambientais resultantes dessa rápida transformação no espaço paulinense, sobretudo o que diz respeito às formas de uso da terra. A instalação das indústrias em Paulínia conferiu ao município a “[...] implantação de um padrão urbano com características desiguais” (SOARES, 2004, p.51), como é o caso da expansão da periferia, que carrega consigo as características de segregação e exclusão.
 
Tabela 1. População total (habitantes) em Paulínia, Campinas e RMC
 
Local
Ano
1970
1980
1991
2000
2007
2010
2012
Paulínia
10.708
20.755
36.706
51.163
73.014
82.150
86.800
Campinas
375.864
664.559
846.434
968.160
1.039.354
1.080.999
1.098.630
RMC
680.826
1.276.755
1.863.609
2.332.988
2.655.480
2.845.035
2.866.453
          Org.: Fagundes, C. A. (2013) Fonte: SEADE e IBGE (2012)
 
A existência de novas frentes de trabalho promoveu o inchaço da cidade, fato que somado à especulação imobiliária fez surgir bairros cada vez mais distantes, afastados dos locais de trabalho e carentes de equipamentos urbanos, impondo à população distâncias cada vez maiores. Este cenário pode ser explicado visto que Paulínia não se constituiu como uma cidade industrial de forma gradativa, mas recebeu num curto espaço de tempo o suporte físico necessário para a alocação de indústrias de grande porte, o que acabou por gerar problemas no que se refere à qualidade socioambiental (BARBOSA, 1994).
Como consequência das contradições intrínsecas à forma como a sociedade se apropria da natureza, diversos problemas de ordem socioambiental foram identificados e analisados no município. Grilo (2003) realizou um estudo que avaliou a qualidade ambiental do município perante os condicionantes do polo industrial, uma vez que este é grande responsável pela contaminação de corpos hídricos por conta de dejetos mal alocados, além dos demais riscos que estes estabelecimentos podem proporcionar para uma vizinhança próxima, de influência mais direta, ou para locais mais distantes e até