Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

Para ajuda com cuidados com a família e a casa, há uma significativa proporção da opção não se aplica, para domicílios que não possuem crianças e idosos na condição de necessidade de cuidados. Observamos aqui, novamente, o apoio dos laços de solidariedade e reciprocidade familiar entre todas as zonas de vulnerabilidade, variando apenas no montante da proporção e nas especificidades de cada situação.
 Por exemplo, para cuidar das crianças, durante o horário de trabalho das mães, as proporções são bastante significativas, na primeira opção de ajuda, para os cuidados, de parentes moradores e parentes não residentes, para os moradores da ZV 1 e ZV 2.
Para cuidar de membro enfermo ou idoso da família ou cuidar da casa em situação de doença ou impedimento da dona de casa, todos os moradores da RMC (proporção variando entre 30% e 70% (com variação inversamente proporcional a zona de vulnerabilidade), têm, como primeira opção, os parentes residentes no mesmo domicílio ou não.
Com relação à ajuda para acesso a serviços especiais de saúde (cirurgias, tratamento hospitalar) interessante notar a expressiva proporção de 20% a 30% de ajuda de outras fontes (com variação inversamente proporcional a zona de vulnerabilidade), o que pode revelar as condições de acesso a burocracia implementadora dos serviços segundo a hipótese de Azevedo (2009). Ter proximidade, por ser um parente ou vizinho, do profissional de saúde (médico, enfermeiro, atendente...) pode gerar facilidade no encaminhamento do serviço.
Uma observação importante quanto à forma de organização das famílias a respeito dos seus laços de solidariedade e reciprocidade é que, apesar da maioria das situações de ajuda (materiais ou não) contar com o apoio familiar, esta ajuda é sempre mais significativa entre as populações mais vulneráveis, inclusive com grande incidência de parentes moradores (o que representa uma forma de reprodução das condições de vida, importante segundo os arranjos familiares). Complementar a esta observação e seguindo no mesmo sentido, chama a atenção a proporção de respostas “ninguém” e “não recorre” das famílias menos vulneráveis, demonstrando um padrão mais individualizado e autônomo de solução, para as necessidades de ajuda.
Outro elemento que pode revelar condições para o desenvolvimento de ativos originados no capital social são os vínculos com a vizinhança. Se abordarmos a questão a partir da origem dos vínculos, notamos que na RMC o movimento migratório é intenso. Isso se comprova com o fato de que 59,1% da população da região nasceu em outro município.