Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

Os vínculos com a vizinhança são importantes, não apenas pela formação dos laços de solidariedade, como já vimos nesta pesquisa que são mais fortes entre os parentes, mas também pela estabilidade das relações e acesso a serviços como, por exemplo, tratamentos de saúde nas unidades de atendimento do bairro e a construção de vínculos no processo de escolarização das crianças.
No caso da escolarização é importante lembrar que ela se faz mediada pelos vínculos construídos entre os próprios estudantes e destes com os professores, e ainda, que o currículo organizado por conteúdos exige um encadeamento de pré-requisitos das informações, nas disciplinas, em cada série. Considerando que, no Brasil, não temos um sistema educacional único, e que os aspectos de conteúdo curricular variam entre redes e até mesmo dentro de uma mesma rede, o fato de um grande número de mudanças de domicílios, sejam elas dentro do mesmo município ou não, afeta diretamente o desenvolvimento do aprendizado dos estudantes.
Os moradores da região, no momento em que a pesquisa foi feita, também indicaram uma elevada frequência de mudança de residência, entre municípiose dentro do município de residência a época da pesquisa. Dada a disponibilidade e qualidade dos ativos transformados em capitais, mudar de residência, para os pobres, implica dificuldades diferentes em relação a outros estratos sociais.
Por último, é importantíssimo para compreender as fontes de capital social observar as características dos vínculos dos moradores com o seu trabalho, o que podemos associar ao conceito de desfiliação de Castel (2008). Em relação ao contingente de trabalhadores 53,7% dos moradores do município com mais de 14 anos trabalham regularmente em atividades remuneradas.
O trabalho é ainda o principal ativo disponibilizado as famílias na sua função de reprodução, tanto na forma de remuneração, como observamos no capital físico, como na forma de acesso a redes. Articulando a informação do trabalho as características de uma região de migrantes, como vimos a pouco, percebemos a importância do trabalho na condição de vida das pessoas.
Entre os trabalhadores regulares PEA (50,25% da população total), a grande maioria trabalha como empregado (76,52%). Há ainda 16,22% de trabalhadores autônomos e 3,87% de empregados domésticos (mulheres). Trabalham em sua maioria no setor de comércio e serviços 65,72%, sendo que 33,49% na indústria (quase não variando entre as zonas de vulnerabilidade, exceção feita as empregadas domésticas que são da ZV 1).