Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

No caso de atividades culturais e desportivas a realidade é a mesma. Enquanto 83,6% dos jovens da zona de vulnerabilidade 1 não frequentam estas atividades, a proporção dos jovens não frequentadores da ZV 4 é de 66,9%. Interessante notar que neste quesito 13,2% dos jovens da ZV 1 e 10% dos jovens da ZV 4 frequentam estas atividades em espaços que as oferecem de forma gratuita, demonstrando que, provavelmente, falta espaços e informação sobre estes serviços.
Uma fonte importante de informação e relacionamento, o acesso à internet, também revela desigualdades no grupo de jovens entre 17 e 24 anos. Para os moradores das zonas de vulnerabilidade 1 e 2 (mais vulneráveis) uma proporção de 52,8% e 48,6% respectivamente, nunca acessam, enquanto, para os moradores da ZV 4, nunca acessar tem uma proporção de 25,8% dos jovens. Para os jovens de 17 a 24 anos da ZV 1, que acessam a internet, um importante serviço é prestado pelas lan houses, onde 17,9% dos jovens desta região conseguem fazer seu acesso.
O acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos tem sido apontado em várias pesquisas e por vários profissionais das áreas pedagógicas como sendo um grande diferencial na busca pela educação de qualidade. Métodos usuais de acompanhamento da vida escolar como verificar a “lição de casa” ou perguntar sobre como foi o dia da criança ou do jovem na escola foram considerados pela pesquisa como indícios de certo padrão de valorização da educação na vida familiar.
Por meio de agregação de algumas variáveis vamos considerar como tipo ideal, todas as mães de estudantes do Ensino Fundamental, que responderam afirmativamente às seguintes questões: acompanha a lição de casa diariamente; pergunta sobre o que acontece na escola sempre e conhece todos os professores.
As três variáveis selecionadas e agregadas representam um indicador de intenso acompanhamento com que vamos distinguir, a partir de suas características, as mães de estudantes do Ensino Fundamental que acompanham os filhos com menor intensidade e o conjunto geral das mães da região (que tenham filhos estudando ou não). O indicador do tipo ideal foi cruzado com todas as outras variáveis da pesquisa e passaremos a apresentar aquelas que geram distinções entre este grupo e as características gerais.
A primeira informação, o que é esperado do ponto de vista material e simbólico, é que das mães de estudantes do Ensino Fundamental que estão entre as menos vulneráveis (ZV 3 e ZV 4) 55% são do tipo ideal. Enquanto entre as mais vulneráveis (ZV 1 e ZV 2) apenas 37% são do tipo ideal.