Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

O conjunto de características conformadas aqui, na comparação com o grupo de tipo ideal, mostra um padrão de organização familiar nuclear em que a mãe, no domicílio, assume a condição de dona de casa (já que ela na maioria dos casos não é a chefe do domicílio), assumindo as responsabilidades de cuidar da casa e dos filhos, mesmo considerando que uma parte significativa destas mães também trabalha em empregos remunerados.
Assim a posição das mães de tipo ideal é diferenciada, pois possuem uma escolaridade um pouco maior que a média geral das mães e, quando têm emprego remunerado, este é mais estável e possui jornada menor que a média geral.
 
Considerações finais
Sob a perspectiva de estratificação, a partir da vulnerabilidade social, o que apresentamos permitiu, em boa medida, caracterizar as desigualdades na formação, reprodução e manutenção de ativos e capitais de distintas ordens na RMC. Este exercício nos possibilitou inferir sobre a disponibilidade destes ativos e capitais, na sua relação com as desigualdades educacionais.
Os dados apresentados agrupados em capital físico, capital humano, capital social e capital cultural atendem a tarefa operativa do conceito de vulnerabilidade social de demonstrar a heterogeneidade das relações sociais e os mecanismos que constituem a formação de ativos para enfrentamento do risco à pobreza. As inferências sobre estas informações revelam caminhos que podem ajudar na melhora das análises sobre o tema, tanto quando aparentam demonstrar relações de classe, status, gênero, posição e poder, elementos fortemente vinculados às condições estruturais da sociedade, como quando revelam particularidades de vínculos e estratégias de grupos.
As características do capital físico / financeiro demarcam as diferenças entre as zonas de vulnerabilidade, para além dos tradicionais recortes por renda ou por padrão de consumo e, uma constatação é inequívoca, o espaço habitado e as condições de classe revelam diferenças sensíveis em relação a diversos indicadores descritos nas variáveis (sejam eles estritamente físicos como a localização e o acesso ou ainda, de percepção como a qualidade do serviço). Mais do que isto, as condições básicas de existência e os serviços públicos essenciais não são garantidos de forma equitativa.
Assim, a capacidade de transformar características físicas em ativos gera grande probabilidade de afetar de forma desigual a qualidade de vida em seus diversos aspectos e, particularmente, a condição e as expectativas associadas à função educacional da família. Isto acontece não apenas pela ausência de diversos destes ativos, mas também pela relação de fragilidades relacionadas que esta condição gera.