Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

Capital físico/financeiro
Utilizaremos como atributos do capital físico/financeiro um critério contábil, selecionando as variáveis que expressem a posse ou propriedade de determinado bem tangível, que tem liquidez (pode ser reconvertido em expressão monetária) reconhecida, no mercado de bens. Além disto, interessa-nos, também, a propriedade de investimento, característica da Economia Clássica, atribuída ao capital físico/financeiro, em que a posse ou propriedade de determinado capital físico resulta em inversão produtiva.
Evidentemente que, na formulação da referida teoria, a família representa fator de produção expressado no trabalho (capital humano), mas a família também representa, dentro da perspectiva materialista, um núcleo de produção e reprodução e, portanto, a posse ou propriedade de determinados ativos, transformada em capital dependendo da estrutura de oportunidades considerada, pode significar maior ou menor capacidade de geração de benefícios presentes ou futuros.
Certamente, um dos mais importantes ativos das famílias é a remuneração oriunda do emprego da força de trabalho. Mesmo considerando não temos um mercado de trabalho que tenha chegado a se efetivar como uma sociedade salarial, na forma como definida por Castell (2008), mas que, também, sofre com os processos de flexibilização, desemprego e precarização da mão-de-obra, a RMC caracteriza-se por um alto volume de formalização do emprego. Isto em períodos de baixo crescimento econômico ou recessão impacta, decisivamente, sobre a vulnerabilidade social das famílias.
A população da Região Metropolitana de Campinas – RMC ocupada (trabalho regular) era, em 2007, de 85,83% da PEA, a taxa de desemprego aberto era de 11% e a taxa de desemprego total era de 14,17% (desemprego aberto mais trabalho precário e desalento). Segundo os respondentes da pesquisa domiciliar, tinham como rendimento do trabalho principal uma renda de R$ 991,00 em média (R$ 1.171,00 homens e R$ 759,00 mulheres) e R$ 760,00 de mediana (R$ 900,00 homens e R$ 600,00 mulheres). Ainda, em relação ao rendimento do trabalho principal, 39,04% ganhavam de 1 a 2 salários mínimos, 25,58% de 2 a 3 salários mínimos e 15,36% de 3 a 5 salários mínimos.
A distribuição da população que está ocupada, no mercado de trabalho, e as taxas de desemprego não são, porém, as mesmas, considerando as condições de vulnerabilidade e sua relação com os grupos etários, particularmente quando olhamos