Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

ou de marcenaria, idas ao banco e pagamento de contas, ambas as tarefas, são dividas quase na mesma proporção com os cônjuges. Também há uma incidência de 20% a 40%, nas zonas de vulnerabilidade 3 e 4, de tarefas realizadas por pessoas remuneradas.
Em relação à tomada de decisões como: educar os filhos, o que fazer no final de semana, comprar eletrodomésticos, móveis ou carros e compras mensais, reforma ou construção da casa os respondentes decidem em conjunto com o cônjuge aproximadamente entre 30% e 60% (proporção decrescente em relação às zonas de vulnerabilidade). Para outra parte significativa é uma decisão apenas do respondente entre 10% e 20% (proporção crescente em relação às zonas de vulnerabilidade).
Sobre a responsabilidade no cuidado com as crianças com menos de 10 anos, os respondentes confirmam que “cuidar” (alimentação, higiene, sono, brincadeiras, vigiar) é responsabilidade da mãe. As proporções são muito parecidas em outras atividades como ajudar nos deveres escolares, levar ao médico e ir buscar na escola, não tendo grande variação em relação às zonas de vulnerabilidade.
Os menores de 17 anos, quando não estão na escola, ficam sob a responsabilidade da mãe ou pai, em casa, em mais de 50% dos casos. Se considerarmos a companhia de outro parente (avós, irmãos...) em casa a proporção é acrescida em mais 20%. Proporções que não tem grande variação em relação às zonas de vulnerabilidade.
Apesar de a RMC ter elevada renda média e alto custo de vida[2] há, também, um contingente considerável de pessoas em situação de pobreza. Na zona de vulnerabilidade absoluta (ZV 1) 25,4% da população está abaixo da linha de pobreza (critério CEPAL[3]) e 35,8% possuem condições de necessidades básicas insatisfeitas (NBI ampliado[4]). Na ZV 2, 17,1% da população está abaixo da linha de pobreza (critério CEPAL) e 16,2% possuem condições de necessidades básicas insatisfeitas (NBI). Além disto, pouco mais de 50% daqueles que estão abaixo da linha de pobreza na ZV 1 também possuem necessidades básicas insatisfeitas.
As condições de renda e infraestrutura domiciliar da população mais vulnerável (ZV 1 e ZV 2) revelam importantes distinções da pobreza. Estar abaixo da linha de pobreza significa um estado de privação financeira que inviabiliza o acesso ao padrão mais elementar de consumo para a subsistência (que pode estar relacionado a aspectos


[2] Segundo a RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego na Região Metropolitana de Campinas o rendimento médio no emprego em 2007 era de R$ 1.626,23. O PIB per Capita do município de Campinas, segundo o IBGE era de R$ 27.788, 98. A despesa média mensal monetária e não monetária para os 40% com menor rendimento no estado de São Paulo, R$ 1.041,98, segundo a POF 2008 e 2009.
[3] Linha de corte de renda aproximado de R$ 258,00, per capita, a preços de 2007.
[4] Composição do critério NBI na pesquisa ver Neves e Cunha (2010).