Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

A distribuição etária da população na RMC tem seguido o padrão de transição demográfica das regiões urbanas brasileiras. A proporção da população de crianças e jovens vem caindo significativamente. Analisando esta tendência na perspectiva de ativos, abre-se a conhecida “janela de oportunidades” com a redução da razão de dependência (número menor de crianças, jovens e idosos em relação à população economicamente ativa), porém este movimento, mantidas as mesmas condições (do crescimento demográfico e do padrão etário do emprego) gerará uma proporção maior de idosos (aumentando, no futuro, a razão de dependência das famílias e a demanda por serviços públicos para esta população) que afetará, diretamente, o padrão de renda de toda a população.
Quando separamos a razão de dependência por grupos etários, Tabela 3, o peso relativo que têm crianças e idosos frente às zonas de vulnerabilidade se revela. Mesmo considerando tratar-se de estruturas de gastos domiciliares distintos devemos considerar que idosos, geralmente, auferem renda e crianças não.
 
Tabela 3: Razão de dependência – RD total e por grupos etários por zonas de vulnerabilidade, RMC, 2007.
 
ZV 1
ZV 2
ZV 3
ZV 4*
RMC
RD total
0,50
0,39
0,46
0,49
0,42
RD crianças
0,43
0,30
0,23
0,16
0,27
RD idosos
0,07
0,09
0,24
0,33
0,15
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade FAPESP/CNPq, NEPO/UNICAMP (2007).
* Corresponde a cerca de 40% do total da população da zona de vulnerabilidade 4 e apresenta rendimento médio abaixo da mediana da distribuição geral deste estrato.
 
No padrão atual da distribuição etária, muitas vezes, alguns idosos se constituem no único membro da família a auferir renda regular por meio de aposentadoria ou pensão, principalmente nos períodos de acentuado desemprego (o que ocorre para 82,4% dos idosos com mais de 65 anos na ZV1 e 87,91% na ZV 2), mas é inegável que dado nossos padrões culturais e econômicos, um rápido crescimento da população idosa refletirá, significativamente, na renda domiciliar e nas finanças públicas.
Este padrão de distribuição etária da população, considerando a longevidade menor das classes populares, gera expectativas diferentes quanto à função educacional, tanto pelo aspecto cultural (o sentido que se dá à velhice), como do ponto de vista econômico com possibilidades de gerar expectativas de trabalho e aposentadoria.
Outra informação importante sobre a região, que impacta diretamente em nossa análise educacional, é o número de pessoas, por domicílio, 3,54, em média. Sendo que 61,87% dos respondentes da pesquisa domiciliar possuem filhos morando no domicílio.