Revista Rua


Um Olhar sobre o Câncer de Mama: a Atividade Física e seu Significado para Mulheres Participantes de Grupo de Apoio
A Look at Breast Cancer: A Physical Activity and Its Significance for Participants of Women Support Group

Fernanda de Souza Cardoso, Eliana Lúcia Ferreira

identificação com um grupo, e em suas manifestações, também a possibilidade de ocupação de uma posição de enunciação que o tornaria visível e restabeleceria o elo social:
 
Eu acho que alegria, né? De conviver com as colegas, tudo, dá assistência uma ir visitar a outra. É, é, participar das festividades que tem, eu num deixo de participar, sabe? Mesmo quando eu tava trabalhando, saia, num deixava... Eu nunca deixei de participar de nada... Eu acho que, muito bom, esse projeto (S3).
 
 
Ocorrem mudanças no convívio social: falam mais, se apresentam como “mais abertas”, mais seguras, apoiadas: “[...] Então eu acho que mudou muito pra mim, foi bom demais, porque eu acho que se eu num tivesse entrado, talvez eu seria hoje assim...num tinha muito amigas, num tinha muito apoio” (S6).
Esse processo de identificação do sujeito no grupo, como enfatiza Koury (2008: 40) leva a uma sensação de confiança e confiabilidade, funcionando assim como elementos categoriais importantes entre os membros envolvidos para a definição de pertença ao grupo, levando internamente a um sentimento de solidariedade e irmandade:
 
Confiança, então, é uma ação que permite àqueles que a possuem, ou põem em prática, uma espécie de segurança íntima de procedimento: o outro passa a ser visto como uma extensão ou prolongamento do eu. Um lugar de familiaridade, onde os laços afetivos são intensos, onde existe uma crença no valor do grupo que parece sobressair ou sobrepor-se aos diversos membros que dele fazem parte, tornando-os parceiros da vida, ao mesmo tempo em que assegura um espaço de diferenciação de cada membro em relação à sociedade em geral (KOURY, 2008: 40).
 
 
            E para Orlandi (1998:  205-6) o sujeito se inscreve em redes de significações, as formações discursivas, para fazer sentido, sendo a identificação, o que surge dessa inscrição nas redes, e é quando “o sentido faz sentido”. Sob este aspecto Hashigutti (2008: 79) entende que “o sujeito se filia pelo próprio funcionamento do processo discursivo, por uma identificação com uma rede de sentidos que identifica um grupo (uma instituição) e o identifica”.
Na discursividade destas mulheres o sentimento e sentido de pertencer, a sensação de estar pertencendo, de fazer parte, assim, parece que concretizam os laços de confiança e