Revista Rua


Um Olhar sobre o Câncer de Mama: a Atividade Física e seu Significado para Mulheres Participantes de Grupo de Apoio
A Look at Breast Cancer: A Physical Activity and Its Significance for Participants of Women Support Group

Fernanda de Souza Cardoso, Eliana Lúcia Ferreira

os sentidos de confiabilidade, fazendo do indivíduo uma pessoa relacional que se encontra e se submete e se revela no e para o grupo (KOURY, 2008: 42).
O fato de se reunirem, de conversarem sobre seus cotidianos e sobre os diferentes aspectos relacionados ao adoecer de câncer já atua no sentido de confortar, de se sentirem aceitas, percebidas, pertencidas, e esse pertencimento não somente a esse grupo, mas em diferentes espaços sociais. Estas mulheres socializam o processo da doença, o que pode levar a aprendizagem de maneiras, outras, de lidar com a experiência do câncer, tendo efeitos positivos sobre a mesma.
 
[...]. Que a gente... Porque em casa você num faz, né? Você num procura fazer um relaxamento e lá não, lá é mais... Num sei se é por causa da turma a gente quer fazer, todo dia cê tá pronta pra...(S2).
 
Sobre a prática dessa atividade física, é relevante considerar nos discursos dos sujeitos dessa pesquisa a presença do discurso médico no que diz respeito à mesma. Pistas nos levam a inferir que a última é considerada importante muito mais pelas colocações médicas do que pela atuação do profissional da Educação Física.
 
[...] se a pessoa tem e depois num fazer exercício físico, ela pode é, ficar... Como é que fala? É... Ela tem que fazer exercício, ou caminhada ou exercício... Ela não pode deixar de fazer. Porque é, é, os médico mesmo falam, né? Ele tem que fazer os exercícios físico (enfática) toda vez que pergunta: num pode ter aquela vida sedentária ali, tem que ter uma vida ativa. E minha vida é ativa, graças a Deus, continua ativa (S3).
 
Nessa perspectiva Pereira (1998: 229-30) comenta que a Educação Física se assemelha à Enfermagem, em alguns aspectos, por exemplo, no fato de comumente médicos recomendarem a prática de atividade física com objetivosvoltados para a saúde, com os professores de Educação Física atuando de forma semelhante a um técnico, como se fossem assistentes de médicos, exercendo, dessa forma, função auxiliar destes. Com o aprofundamento dessa situação, os professores em questão acabam utilizando justificativas médicas para motivar a prática de atividade física pela população em geral, mesmo quando o primeiro não se encontra à mercê do último e essa é uma situação pouco discutida pelos profissionais da área, mas amplamente aceita pelos mesmos. Payer (2005: 14-5) esclarece