Revista Rua


A contrapelo: incursão teórica na tecnologia - discurso eletrônico, escola, cidade
Against the grain: theoric incursion in the technology - eletronic discourse, school, city

Eni Puccinelli Orlandi

DADOS TRANSFORMAM-SE EM INFORMAÇÕES EM FORMATO DE TEXTOS, DE IMAGENS, DE VÍDEOS, DE SONS
            Como já dissemos mais acima, no discurso não tratamos com dados, mas com fatos de linguagem, de muitas e diversas naturezas. O fato tem materialidade e é pensado em seu processo de constituição. Não é mero produto. Portanto, no enunciado que é o subtítulo desta parte, o que afirmamos é que há fatos de linguagem que se transformam em informações. Ora, o modo como se dão na linguagem, dominadas pelo que chamamos efeito metafórico, as transformações, são o que chamamos “deriva”. E a deriva, que é transferência, efeito metafórico, nos restitui ao processo em que a rede de memória, as filiações – e as falhas, o equívoco – fazem efeito. E o efeito aqui é o de termos como resultado “informações”. No discurso temos menos informações do que efeitos de sentidos, nos ensina M. Pêcheux (Ibidem). “Informações” que, por sua vez, se seguimos o enunciado do subtítulo, têm o formato de textos, de imagens, de sons, de vídeo. As chamadas “multimídias”. Diferentes materialidades significantes com seus diferentes modos de significar.
            Formato aí, pensando-se discursivamente, significa a forma do significante. Ou seja, a forma material que é o texto mexe com a natureza da informação, produz efeitos sob o modo como ela funciona. A natureza do significante intervém na produção do objeto e este objeto, por sua vez, constitui o modo de significação deste gesto simbólico.
            E o que é um texto? É uma unidade de significação em relação à situação.
            Esta sua caracterização pode ser mantida, mas certamente a textualidade, sua forma material, sua relação com a memória e com as condições de produção diferem quando difere sua materialidade significante. Ou seja, podemos considerar uma imagem um texto