Revista Rua


A máquina corretiva, ou como restituir aos moradores de rua à estrutura: dois modelos de transformação
The corrective machine, or how to restore the homeless people to the structure: two models of transformation

Carlos José Suárez G.

ser presos por que fazem muito mal à humanidade”[11](1998, p.94-96). O morador de rua evoca a pobreza extrema, a sujeira, a delinqüência, o vício, a degradação, o medo e o perigo. Da mesma forma, vemos como os artigos do jornal El Tiempo associam os moradores de rua com a falta de segurança e o roubo de bens públicos: “Según la Alcaldia, la ola de delincuencia se extiende, entre otras razones, por el aumento de indigentes, la proliferación de vendedores ambulantes que han vuelto a invadir el sector por actividades como la prostitución” (23 de novembro 2001). Em uma entrevista dada ao mesmo jornal, um dirigente local explicou:
 
Junto al parque del barrio Policarpa alcanzaron a instalarse unos 15 ñeros en sus carros esferados[12]. Con su presencia aumentó el vandalismo. El año pasado se llevaron como 70 tapas de los contadores del agua, el cable de los teléfonos y unos 20 contadores del gas. Hace tres meses, nosotros cogimos a un tipo con seis tapas en un carro esferado(17 de fevereiro 2002).
 
Por outra parte, temos a oportunidade de ver quais são as representações que os moradores de rua têm deles mesmos, e comprovaremos a afirmação de Goffman. Para obter estes testemunhos, pesquisadores da cidade de Bogotá realizaram grupos focais[13] nos quais os moradores de rua adultos participaram para falar de suas vidas (UNAL-Minprotección, 2007). Eles disseram que: “dormir na rua é feio, a gente vive em pânico... na rua estão todos bêbados consumidos. Na rua não temos segurança, tudo o mundo olha para a gente e diz: olha só!”[14] A discriminação é evidentemente percebida por eles: “As crianças são as que mais fazem zombaria para a gente, elas são as que mais chamam a gente de maluco”[15]; a causa deste comportamento infantil é também muito clara: “o que acontece é que os pais são os que ensinam aos filhos a chamar a gente de doidão, e que a gente é doente”[16].


[11] “con su actitud y mirada te dicen te voy a robar”, “Tienen la mirada y la apariencia agresiva”, “Tienen el pelo enmarañado, engrasado y la ropa en hilachas”, “Llevan la ropa tiesa de grasa y la mirada perdida”, “A esos deberían recogerlos porque hacen mucho mal a la humanidad”
[12] “Carrinho de rodas de bilha” usado pelos catadores de lixo.
[13] Metodologia de trabalho participativa, na qual os sujeitos discutem e compartilham suas experiências.
[14] “Dormir en la calle es feo, uno vive paniquiao… Todos borrachos consumidos. En la calle no hay seguridad, todo el mundo lo mira a uno durmiendo y dice huy mírelos”.
[15]Los niños son los que le hacen más visajes a uno, ellos son los que más le dicen a uno los locos”.
[16] “Lo que pasa es que los padres son los que le enseñan a su sus hijos a decirle que uno es loco, que uno está enfermo”.