Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

histórico dos anos 1960 é o primeiro momento a ser recobrado na“... remodelação do território brasileiro, em razão da implantação das telecomunicações e dos sistemas de informática e informação”, quando ao Estado Militar coube a direção do empreendimento.
            Durante as décadas de 1960 e 1970 ocorre a cristalização dos padrões de consumo e a consolidação da indústria fonográfica no Brasil. Durante esse período, G. Debord (1997 [1967], p.219) já alertava para a consolidação de uma espécie de máfia do disco nos Estados Unidos, cujas imposições pouco a pouco aportavam em outros lugares:
 
Ela também já se impõe, pelo menos nos Estados Unidos, na própria indústria do disco, e em todos os produtos cuja publicidade dependa de uma grande concentração          de público (...). Ao corromper os disc-jockeys, é possível determinar qual vai ser o sucesso das paradas, dentre mercadorias tão identicamente miseráveis.
           
No período considerado as transnacionais e os conglomerados do setor preponderam sobre as empresas nacionais. Entre as implicações do processo destaca-se “a intensificação do uso das estratégias integradas de promoção envolvendo redes de rádio e TVs, situação que acabou dando à produção e distribuição das trilhas de novelas uma grande relevância no contexto da indústria” (VICENTE, 2001, p.85).
            À época, a indústria fonográfica mundial passa por uma grande transformação em sua divisão territorial do trabalho em virtude do avanço do controle do pessoal técnico sobre os procedimentos no estúdio. No Brasil, esclarece R. C. L. Morelli (1988, p.39), “1968 constitui (...) um ponto de referência para as histórias da indústria fonográfica no Brasil e da música popular brasileira na década de 70”.
            Em Campinas, no ano de 1968, o Estúdio Divulgasom se instala na Rua Regente Feijó (esquina com Aquidabã), sob o comando de Toninho de Almeida, então funcionário da Rádio Educadora. O Divulgasom era também uma agência de publicidade, algo então permitido pela legislação. O produtor Maurício de Almeida* o “Macarrão”, que trabalhou no Divulgasom, conta que a sala de gravação era ampla e recebia orquestras para gravações registradas em 1 canal. O fixo tinha uma máquina que fazia os “discos base” de acetato que vinham da Supersom (SP), “quando a gente precisava prensar grandes quantidades a gente mandava para a Continental lá na capital”, diz Macarrão. O Divulgasom realizou trabalhos para rádios das cidades e da região, destacando-se os jingles, propagandas essencialmente musicais em relação aos spots, ambos registrados nos discos de acetato. Entre as inúmeras