Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

tece um campo espacial cada vez mais amplo e constante do alhures-aqui e do aqui-alhures, isto, é uma nova relação com o espaço e o mundo (...) nos introduz numa relação desenraizada, móvel, errante no tocante ao tempo e ao espaço (Ibidem, p.179).
 
            M. Santos & M. L. Silveira (2005 [2001], p.53) destacam o aumento dos intercâmbios e da interdependência entre os lugares nesse novo meio:
 
Graças à propaganda, à industrialização, ao crédito e à urbanização, amplia-se o consumo, ao mesmo tempo em que há uma transformação mais rápida de valores de uso em valores de troca, acelerada especialização territorial da produção, pelo novo patamar de urbanização e valorização da terra.
           
A situação ensejada pelo período no país implica no equipamento do território para a chegada do circuito de FM e a conseqüente formação de uma rede de emissoras, tornadas peças centrais na divulgação de massa da produção fonográfica, um mercado em franca expansão. Segundo números da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos) entre 1965 e 1972 o setor fonográfico brasileiro aumentou suas vendas em 400%, o que significou o adensamento de um circuito altamente rentável, fazendo-se necessário um meio eficaz para a sua difusão9.  
                        Sob o imperativo da padronização musical e concentração de mercado forma-se o sistema aberto na produção fonográfica. D. Muller (2005, p.39) explícita o funcionamento do sistema aberto e a maneira como a chamada “produção independente” se insere no circuito, incorporadas pelas majors, as grandes empresas do disco, segundo ele:
 
... um processo de terceirização da produção, onde os trabalhos das ‘indies’ e de artistas independentes são incorporados pelas ‘majors’ onde as primeiras produzem discos voltados para segmentos de mercado bem definidos, caso seus produtos se mostrem promissores, as grandes firmas se apropriam deles através do estabelecimento de contratos de licenciamento, de distribuição, de compra do repertório, do catálogo ou mesmo do selo inteiro.


9 Nos anos 1970, a produção de um disco de rock custava de 70 a 100 mil dólares, mais 50 mil dólares relativos a recursos adicionais de instrumentação. O estúdio Eldorado instalado, em 1971,