Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

Trata-se do período no qual o “dial” campineiro toma corpo. Quando do lançamento do Plano de FM, a cidade de Campinas conta apenas com uma emissora do tipo, a Rádio Andorinhas, sob o comando de Fábio Vidal Ramos, há pouco tempo transmitindo em sinal aberto:
 
em 1968 o pároco Monsenhor Geraldo Azevedo obteve a concessão para criar a primeira FM da cidade: a Rádio Andorinhas (103,7 Mhz). Entretanto, a emissora operava com dificuldades e eram raros os aparelhos que captavam frequência modulada. Somente em 1972 que a emissora passou a ser transmitida em sinal aberto. (ROLDÃO, 2007, p.2).
 
 
            A Rádio Andorinhas FM operou na Rua Oliveira Cardoso, no Bairro Castelo, até 1978 quando encerrou suas atividades. Fábio Vidal Ramos*, explica-nos que a programação baseada em música brasileira e erudita e notícias locais era escolhida pela própria rádio com participação direta do ouvinte:
... a gente recebia os discos e escutava, se a faixa fosse muito comercial a gente riscava com caneta esferográfica (...). Na Andorinhas eu tinha um programa aos domingos que se chamava 'Discoteca dos Sonhos', a chamada era: 'vocês vão ouvir a partir de agora, discos barulhentos, discos chiados e enguiçando, mas vocês vão ouvir aqui o que vocês não ouvem em lugar nenhum'. As pessoas emprestavam o disco, a gente lavava com sabão de coco e tocava... e no final dizia o nome do ouvinte.
 
Quando a FM chegou a Campinas não se sabia como “devia” ser a programação, mas desde o início, conta José Carlos Barba*, da Rádio Educativa, destaca-se a importância da juventude dos estudantes para as estratégias das rádios. Assim, é nesse período que o circuito FM ganha maior expressão na cidade. “Pela dificuldade em possuir aparelho dessas ondas novas, as emissoras FMs vieram a conquistar espaço na audiência do ouvinte próximo ao final da década de 70 e início dos anos 80” (ROLDÃO, 2006, p.4). Em 1977 surge a Cultura FM, no Edifício Prudência, na Rua Benjamim Constant onde até hoje funcionam a Cultura AM e Brasil AM, ambas propriedade da Família Pedroso.
            O ano de 1978 é tido como chave para uma mudança na programação das rádios da cidade definitivamente em busca do público jovem. A programação da Bandeirantes FM, por exemplo, baseada em música erudita, se transforma em programação voltada ao público jovem. Por sua vez, a Metropolitana FM, atual Líder FM, no início da década de 1980, utilizava balões, outdoors e forte campanha para conseguir audiência.