Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

mundo, situação diversa de dez anos antes, quando era o décimo quarto. As gravadoras RCA e EMI-ODEON instalam estúdios no Brasil, enquanto a gravadora nacional Phono-73 inaugura moderno estúdio de 16 canais na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. Enquanto isso, entra em funcionamento a primeira emissora de TV de Campinas, a EPTV da Rede Globo.
            Ainda em Campinas, no ano de 1980 surge o Dimas Estúdio. Dirigido por Dimas D'Amico, o fixo desde a sua fundação vem produzindo vinhetas para rádios de Campinas como a Educadora e Morena, e, da capital paulista, como a Eldorado FM. Apenas no ano de 1988 é que surgiriam outros novos estúdios na cidade: o MSG Áudio Design, do produtor Marcelo Giorgetti, e o NM Estúdio do produtor Stevan Datolo, num momento em que o circuito FM campineiro já está formado e cresce com a produção de fonogramas publicitários.
            De acordo com Del Bianco (1999, p.193) o impulso à FM ocorreu apenas devido às ações estratégicas do governo militar, que possibilitou grande transformação na concessão de novos canais. Nas décadas de 1980 e 1990, a concessão tornou-se “moeda política de larga circulação entre protegidos de poder e políticos” e um meio de interiorização para a radiodifusão, estendida a um maior número de lugares11. Segundo A C T Ribeiro (1991, p.51), é durante a década de 1980 que se afirma o poder exercido pelas forças econômicas em seu vínculo com a moderna base técnica de “organização e transmissão de mensagens” entre as quais “empresas dos setores de radiodifusão e teledifusão; empresas vinculadas ao grande comércio (shoppings e redes de supermercado); firmas ligadas à promoção cultural, ao marketing e ao turismo”.
            Com a escalada da FM nesse contexto, lembra J. L. Silva (1999, p.35), “uma programação eminentemente musical é introduzida”, fato que ocorre passo a passo como o surgimento dos “disc-jóqueis” e seus comentários rápidos destacando a música e o humorismo: estabelece-se o formato de programação que recupera e mantém até hoje a audiência dos jovens, inserindo definitivamente o circuito FM no circuito de produção fonográfica, tendo a FM se tornado o meio mais propício à divulgação da produção


11 Para se ter uma idéia, N. Del Bianco (1999) apresenta dados do Ministério das Comunicações que indicam terem ocorrido 632 concessões de FM de 1985 até 1989. Em 1995, um em cada seis integrantes do Congresso Nacional possuíam pelo menos uma concessão de rádio ou TV. Entre os partidos impressionavam números como o PPB, com 342 rádios e 24 TVs, PFL com 317 e 34 e PMDB com 214 rádios e 13 TVs. Na época, em Campinas, o então deputado estadual Orestes Quércia tinha duas concessões.