Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

fonográfica de massa no país. A esse respeito T. G. Correa (1987, p.20) assegura que “... é a partir das relações entre gravadoras e emissoras de rádio que se constitui o espaço de divulgação dos novos lançamentos, porquanto nenhum outro meio de promoção do disco parece tão eficiente ou mais utilizado que o rádio”.
            O período de expansão da FM coincide com uma época de urbanização crescente em que melhor se delineia o meio-técnico-científico-informacional no Brasil: no final da década de 1970 o país conta com uma taxa de urbanização de quase 70% (SANTOS, 1996). Como vimos novos, sistemas técnicos são acrescidos ao território, em especial, aqueles capazes de movimentar grandes volumes de matéria e informação, em resposta ao imperativo da fluidez, um dos signos do período. Na medida em que crescem as aglomerações urbanas e ganha complexidade a mediação técnica que dá conteúdo ao fenômeno urbano, torna-se compulsório todo um sistema instrumental à difusão da cultura de massas.
            C. Gomes (2005, p.345) pontua que o segundo momento na remodelação do território no que tange a instalação da rede de telecomunicações, informática e informação seria o dado pelo processo histórico dos anos 90 “quando o grande negócio da privatização veio estabelecer novo marco de expectativas.” De acordo com a autora:
 
... nos anos 80 e 90, ao se desencadearem sucessivas mudanças de ordem global nos planos tecnológico, econômico, institucional ou normativo, podemos situar as reestruturações com a privatização das telecomunicações no mundo, na América Latina e, em particular no Brasil” (Idem).
 
Na abordagem das telecomunicações, lembramos E. Morin (1997, p.71), ao provocar que esse modo de 'contato' nos empobrece e cerceia nossas comunicações concretas com o meio: “E finalmente, não é a comunicação com o outro, é a nossa própria presença perante nós mesmos que se diluiria em virtude de ser sempre mobilizada para outro lugar.” Apurando o projeto telecomunicativo nacional, em 1985, surge o primeiro satélite próprio de comunicação do país, o Brasil SAT A 1. Com o satélite 'A2' lançado no ano seguinte, “conforma-se um sistema nacional de telecomunicações via satélite” (FERRARETO, 2001, p.166). A empreitada se completa no ano de 1989, quando a Embratel oferece aos empresários do setor radiofônico o novo satélite Radiosat, durante um congresso da ABERT.