Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

Na cidade de Campinas no início da década de 1990, o circuito de rádio FM reúne, então, seis rádios: Educadora, Nova FM, Morena, Cultura, Cidade e Laser, predominando as paradas de sucesso. Ao mesmo tempo, a possibilidade de produção fonográfica na região de Campinas se exponencializava, em virtude do barateamento dos sistemas técnicos envolvidos.
            O que está em jogo é, sem dúvida, o controle da informação, da cidade, dos mercados urbanos e de toda a sua capacidade de criação. A essa altura, com o início da década de 1990, a associação entre o circuito de radiodifusão e a produção fonográfica já havia se consolidado e as rádios se cristalizam como difusoras do repertório médio.
 
3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Com a esquizofonia, a relação entre proximidade e distância se mostra cada vez mais uma variável administrada, potencialmente produtora e produzida por um comando remoto de poder. Os processos relacionados à temática indicam que Campinas, desde a chegada do fenômeno esquizofônico, dispõe de uma base técnica adequada à disseminação do componente informacional.
Após um movimento inicial na década de 1950, quando quatro estúdios surgiram em Campinas, foram instalados apenas mais três deles nas duas décadas seguintes. Nos anos 1980, houve um prenúncio da recente escalada no número de prestadores de serviços fonográficos com o surgimento de cinco novos estúdios. Aprofunda-se, a partir daí, a divisão técnica e territorial do trabalho em torno da produção fonográfica, diferente de um primeiro momento que, grosso modo, perdura até a década de 1980, no qual o mercado era dividido entre alguns poucos estúdios locais. Nessa mesma época se adensa o circuito de rádio da cidade, a partir do crescimento do circuito FM, preponderando a programação escolhida por critérios não musicais.
Não se encerram as questões em torno do processo de influência sobre o circuito sonoro por meio dos mecanismos de enquadramento, pois sobre as discussões relacionadas às espessuras das densidades técnica e informacional e acima delas está a discussão sobre a comunicação e seu papel na produção do espaço urbano.