Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

No ano de 1923, a radiodifusão, que acabara de ser utilizada como suporte militar na Primeira Guerra Mundial, se instala no Brasil como um meio de informação de elite, organizado em clubes e definido em termos comerciais. Ainda nos seus primeiros anos de existência o controle das ondas se difundiu para vários lugares do mundo como eficaz meio de transmissão de informações. Num contexto de intensa briga pela imposição de padrões da indústria fonográfica, a radiodifusão chega oficialmente ao Brasil.
            Em 1927, se instalava a Rádio Educadora na Rua Barão de Jaguara. Com uma capacidade de transmissão de 10 watts, surgia a primeira emissora de Campinas, já na época uma cidade de significância na rede urbana do Estado de São Paulo.
            Sob o apoio da Companhia de Tração, Luz e Força interessada em vender aparelhos de rádio, figuras como João Batista Sá e Jolumá Brito se organizaram em torno da idéia de instalar uma emissora local, pois, entre outros motivos, as interferências da capital eram muito grandes, o que dificultava a captação de emissoras paulistanas. De início, acreditava-se que o problema era devido ao solo calcáreo de Campinas; pouco tempo depois se descobriu que a interferência era causada pelos próprios bondes da cidade (CORREIO POPULAR, 22/09/1972). A atitude do prefeito municipal Orozimbo Maia, que instituiu um concurso a partir do qual dois técnicos da cidade descobriram o real motivo das interferências (CORREIO POPULAR, 1/12/1973), indicava a urgência na instalação de uma emissora por parte do poder público local.
            Vale lembrar que eram poucas as emissoras de rádio no país, concentradas no Rio e em São Paulo, tais quais as cariocas Roquette Pinto, Mayrink Veiga e Rádio dos Estudantes (atual Rádio Bandeirantes) e a paulistana Rádio Educadora. Em 1934, a rádio Educadora de Campinas se torna propriedade de Nasrala Siuffi, do Grupo Bandeirantes. Na época, no interior de São Paulo havia cinco emissoras (DIÁRIO DO POVO, 21 de setembro de 1972).
            Durante a década de 1930, a inserção de mensagens comerciais iniciada com o “spot”, transforma o rádio de veículo erudito em veículo popular e, rapidamente, percebe-se o alcance que este meio tem, inclusive entre os analfabetos (ORTRIWANO, 1985). A  época é marcada pelo fato das músicas de diferentes lugares começarem a circular pelo Brasil, o que implicou de início, na inserção dos músicos populares na divisão territorial do trabalho, esboçando-se um novo circuito, diferente de outrora, que tinha nos circos os