Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

de setembro de 1973).
            O desenvolvimento do rádio comercial em Campinas parece se confundir em grande medida com o adensamento da produção fonográfica materializada e difundida a partir da cidade. Senão vejamos: seria a partir de um auditório bem equipado, da Rádio Educadora, que os artistas representantes da produção fonográfica da época começam a se apresentar ao vivo na cidade, todavia sob condições técnicas que possibilitavam difundir tais apresentações registradas pelas ondas do rádio. 
            O fato para que chamamos atenção é a ausência de estúdios na cidade nessa época. As funções sonoras que mais se aproximavam dos estúdios desenvolviam-se justamente nos auditórios das emissoras de rádio, que não muito diferente de hoje, vinculavam os registros sonoros ao grande público, nos alicerces da época de ouro do rádio.
Importa que a partir das ondas de rádio e da produção fonográfica o território como um todo se torna potencialmente alcançável pela informação musical. Como veremos, o rádio e a sua demanda fonográfica, que poderiam ser elos comunicativos esquizofônicos, tornam-se amarras, impedem contatos e contribuem para a palidez e mesmice na paisagem sonora atual.
 
2.2 - A radiodifusão como estrutura de enquadramento: urbanização e instalação da indústria cultural no Brasil (1940-1970)
 
 A partir da década de 1940, a estratégia do governo federal é articular forças para o projeto de industrialização nacional, o que torna necessário cercear todo um país urbano. P. Geiger (1963, p.436) analisa as relações entre a industrialização e o fato urbano. Para o autor Por industrialização, entende-se a fase na qual a expansão industrial é elemento dinâmico, dirigente, do processo de desenvolvimento” influindo “no crescimento urbano através da ampliação do setor terciário, em função desta mesma industrialização.
M. Santos (1994) afirma que a urbanização brasileira conhece nitidamente dois períodos, cindidos pelos anos 1940-1950, marcados pela adesão da lógica de industrialização. Opera-se a tecnificação de pontos do território e observa-se a preponderância dos nexos econômicos sobre a totalidade do território, imposição cada vez