Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

mais presente no processo de urbanização. Ganha força o fenômeno que M. Santos (1994) define como a manifestação geográfica do capitalismo maduro: o meio-técnico-científico. Os usos do território nesse período, que se estende até os fins da década de 1960, explica o autor, são marcados pela
 
presença da ciência e da técnica nos processos de remodelação do território essenciais nas produções hegemônicas, que necessitam desse novo meio geográfico para sua realização. A informação, em todas as suas formas, é o motor fundamental do processo social e o território é, também, equipado para facilitar a sua circulação. (Ibidem, p.36)
 
 
             R. Ortiz (1989) pontua a importância do rádio para a introdução da indústria cultural no país; nesse mesmo sentido L. Antongiovanni (1999, p.40) ressalta que a partir de década de 1940 as rádios entram definitivamente na era da publicidade passando a ser financiadas por agências de publicidade estrangeiras”. W. Caldas (1995) explica que a publicidade fez com que o nível de audiência passasse a ser um dado vital para as emissoras. Como não havia pesquisa de audiência e mercado, a emissora devia ficar conhecida de uma maneira ou de outra, o que implicou no assalto da cidade pelo circuito de rádio.
            Eis, então, que se delineia o adensamento do circuito em torno da música popular e surgem as primeiras associações entre a imprensa escrita e a falada. Trata-se da chamada época do ouro do rádio no Brasil.
            Na época, o Ministério da Educação, por meio de Álvaro Salgado, preconizava a importância do veículo como elemento de homogeneização cultural e formação de opinião pública, defendendo o seu uso por meio de zonas irradiadoras de cultura, inseridas num sistema com rádios controladas e oficiais (SALGADO, 1941). Nessa ótica, o rádio era tido como um meio para conquistar os indivíduos analfabetos, broncos, rudes de nossas cidades (Ibidem, p.84) e domesticar os ritmos selvagenscomo o samba: tentemos, devagarinho torná-lo mais educado e social (...) não repudiemos esse nosso irmão pelos defeitos que contém (Ibidem, p.86).
            Antes mesmo da época de ouro do rádio, no estado de São Paulo, os genuínos gêneros musicais resultantes da imensa fusão de migrantes atlanto-mediterrâneos e escravos africanos chegavam formatados ao grande público. O interesse em comercializar na capital