Revista Rua


Segregação e invenção na cidade: uma entrevista com Barba nos jardins do Museu de Arte Moderna - MAM/ RJ
Segregation and inventiveness in the the city: an interview with Barba at the gardens of The Museum of Modern Art - MAM/ Rio de Janeiro

Adriana Fernandes

 
B: Vou falar pra senhora a rua é tudo isso aí que todo mundo vê. E não vai melhorar não. Com essa pregada que tá indo aí, vou falar pra senhora, sabe por que não vai melhorar? Porque o Lula não deu jeito, quem que vai dar? Ninguém mais. Tem mais jeito não. Lula é um bom político, bom parceiro, inclusive tive a infelicidade de prender ele em setenta, quando eu era P.E [pelotão do Exército]. Obrigado a prender ele, lá em São José dos Campos, numa missão do Exército. O nosso amigo é um puta de um cara, se deixar ele falar é brabo. Sete um purinho. O Lula tem uma oratória pesada. Ele é um tipo de um cara que se ele tiver conversando algo com a senhora ele quer ver o por que do porquê, o por que do porque do porquê, do por que do porquê, ele quer ver, ele entra no detalhe, e tudo que ele sabe não é faculdade. A senhora sabe que ele não tem faculdade. Tudo que ele sabe é na prática. Aí que nego quebra com ele.
A: Ele é muito inteligente.
B: Ele é muito inteligente, chegou onde chegou. Ele só não chegou mais cedo onde ele tá porque ele não se uniu com Brizola. Se ele tivesse se unido com Brizola. Aquilo eu não esqueço nunca mais, eu trabalhava ali em 83, naquela levada do Brizola, eu trabalhava na [inaudível], eu sou pintor de prédios também, tava brabo e tal, aí arrumei uma companheira. Aí eu falei, eu moro na obra, mas a gente tem que arrumar um beco, vou ficar com você, vamo arrumar um beco aí, porque de repente, tua patroa manda você embora. Arrumamo um beco lá no Vidigal. Foi quando Brizola subiu lá em cima, aí eu vi a verdade, o cara é perigoso, não conhecia ele, mas ele de perto, os papos dele: ‘não quero que ninguém bote a mão em mim, pode deixar, minha segurança é o povo’. Pô, o cara falar isso, é confiar muito no taco. Nunca tinha ido lá, ‘não, pode deixar, minha segurança é a comunidade, é o povo, pode ficar tranqüilo, vai lá tomar um café’. Brizola é cabeça, muita, muita. Pra mim, pra mim, dos que eu conheci... Conheci Lauro Donatel [sic], o famigerado Jânio Quadros, meu pai trabalhou pra ele, Janio Quadros coitadinho, era maluco, conheci Maluf, outro sagaz também, esse é perigoso, esse é o seguinte.
A: Raposa.