Revista Rua


Apresentação Rua 20 Volume 1

   O ano de 2014 é muito significativo para a Revista RUA, pois nele a revista completa vinte anos de existência! No segundo semestre, apresentaremos um número especial comemorativo, mas não poderíamos começar de outro modo que não fosse o da celebração! Neste volume I de seu vigésimo número, RUA mantém sua política editorial de trazer à tela reflexões que tomem o espaço urbano como ancoragem analítica das diversas práticas significativas que nele se constituem, formulam, circulam.

   Abre a Seção Estudos, o artigo de Sílvia Nunes, “Textualidade infográfica eletrônica: efeitos de velocidade para a leitura”, no qual a autora analisa o funcionamento dos infográficos, tão próprio ao discurso midiático, mostrando-nos como a injunção ao clicar nestes instrumentos produz um percurso de leitura sustentada pela esteriotipia. Leonardo Perez e Luzmara Cursino, em “Construindo ombros fortes: A roupa ressignificando o corpo feminino”, trazem uma análise de discursos sobre a mulher, articulando o pressuposto teórico de que o corpo é um objeto simbólico sobre o qual injunções da cultura e da história se efetivam no vestuário feminino da década de 80. Em “Memória, narrativa urbana e favela: efeitos de sentido em um videoclipe”, de Lucia Ferreira e Andréa Rodrigues, temos acesso a uma análise do ressoar de textos e imagens que constroem representações da cultura da periferia no ciberespaço, particularmente, em um vídeo veiculado em um portal de comunidades do Rio de Janeiro. Ainda na materialidade de vídeos, Aline Maria Freitas Bussons nos traz, em seu “A deriva de sentidos de "Terra da luz" no pós-governo mudancista: Uma análise do vídeo Ceará, terra da luz”, o funcionamento discursivo de “terra da luz” em suas relações com a imagem de um Ceará paradisíaco construído pelo discurso turístico dos “governos das mudanças”. Por seu lado, Luiz Antonio Araújo Gonçalves nos mostra o trabalho informal enquanto modo de territorialização e mobilidade dos sujeitos na cidade, em seu “’Pra tá aqui tem que montar, desmontar e carregar’. Mobilidade, território e cotidiano do trabalho na feira de artesanato da Avenida Beira-mar, Fortaleza (CE)”. Com outros modos de inscrição de sentidos e sujeitos no espaço da cidade, Anderson de Carvalho Pereira percorre, em “Havia uma Canudos no “Pinheirinho” em São José dos Campos: Sentidos da ação policial no espaço urbano”, um lugar do imaginário sobre espaço urbano estabelecido pela Guerra de Canudos, na ação policial contra os habitantes de Pinheirinhos/SP, trazendo á tona o confronto da inquietação e da resistência com a aparente resolução da problemática habitacional brasileira nas grandes cidades. Ricardo Sobreira procura compreender o espaço urbano da cidade de Los Angeles, Califórnia, como a metrópole pós-moderna, a partir da análise do conto “Coalinga 1/2 Way”, do autor norte-americano Sam Shepard (2002), em seu “Espaços urbanos como arenas de (trans)formações identitárias na literatura contemporânea”. É também em meio ao discurso literário que Joelma Santana Siqueira, em “Personagens nas ruas do Rio de Janeiro do século XIX: leitura de A moreninha (1844) e O moço loiro (1845), de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)”, procura compreender um pouco sobre sentidos da escravidão, da mulher e da política-jurídica do Império. Observando o discurso da forma urbana que fornece sentidos para as cidades, Luiz Tiago de Paula e Eduardo Marandola Jr. procuram detalhar elementos da forma urbana de Campinas/SP, analisando problemas de ilegibilidade da paisagem no artigo “Imagem e Ilegibilidade da Forma Urbana de Campinas”. Tratando também de questões da ordem de instrumentos urbanísticos que produzem sentidos para o espaço da cidade, Cinthia de Almeida Fagundes e Lindon Fonseca Matias fazem um diagnóstico sobre a tensão entre o uso da terra real e formal de Paulínia/SP em seu “Uso da terra real e formal no município de Paulínia (SP): Contribuição para o planejamento municipal”. Fechando esta seção, Sergio Stoco, em “Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas” procura associar educação, espaço e vulnerabilidade social para compreender um pouco mais sobre processos sociais a partir de uma abordagem materialista das relações em jogo.

   Na seção Notícias e Resenhas, além das atividades acadêmico-científicas da equipe de pesquisadores vinculada ao Laboratório de Estudos Urbanos, o leitor poderá ler uma instigante e aprofundada resenha de Gesualda dos Santos Rasia sobre o livro Análise de discurso em perspectiva: teoria, método e análise, organizado por Cristiane Dias e Verli Petri, obra que reúne um conjunto de artigos que discutem heuristicamente a Análise de Discurso no tempo em que homenageiam sua fundadora brasileira – Eni Orlandi – do melhor modo possível: trabalhando a Análise de Discurso, fazendo-a movimentar-se.

   Na seção Artes, contamos com o ensaio fotográfico de Bruno Abrão, dançarino e fotógrafo que flagra em seus recortes iconográficos instantes de Hip Hop, inscrições de sentidos na cidade.

   Boa Leitura!


Número 20 - Junho 2014
ISSN 1413-2109/e-ISSN 2179-9911

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Editada pelo Laboratório de Estudos Urbanos reúne artigos, produções artísticas e resenhas de obras que tratem de fenômenos próprios da cidade nos múltiplos espaços do político e do urbano. - Leia mais

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Resenha de Gesualda dos Santos Rasia