Revista Rua


Apresentação Rua 15 Volume 1

            Com esse número da revista RUA, temos acesso a um belo conjunto de nove artigos que compõem a seção Estudos, à obra re(PER)curso de Jônatas Manzolli & SPECS na seção Artes, à resenha de A cidade antiga de Fustel de Coulanges e às notícias das atividades realizadas pelo Laboratório de Estudos Urbanos no período de dezembro de 2008 a junho de 2009. Conforme adentramos na trama das reflexões dos artigos, temos a oportunidade de melhor compreender muitos dos elementos atuais que configuram modos de inscrição do sujeito no espaço urbano, tomado a partir de suas diferentes formas de materialização como a rua, os nomes próprios, as fotografias, as cidades biografadas, a tecnologia, a autoria, os movimentos sociais, a escola, os outdoors, enfim, formas de circulação e de inscrição de sentidos. Nesse mesmo conjunto de artigos, acompanhamos duas finas análises que tocam o espaço da construção de uma história do conhecimento, fazendo conhecer, no que diz respeito especificamente a uma história das ciências da linguagem, relações normalmente pouco referidas nesse campo, o que nos lembra de não esquecermos a relação da história, do Estado e da sociedade com as possibilidades de construção do conhecimento.

            Em Políticas de autoria – entre regulação e falha, a relação entre a completude do arquivo jurídico e o estatuto da autoria é tomada pela ancoragem tecnológica que desloca, por sua vez, a relação autor/público. É pela forma material da fotografia que o artigo Do silêncio angustiante aos sentidos desviantes: subversão discursiva na microesfera do exercício de poder mostrará ao leitor a relação tensa e contraditória do confronto discursivo entre uma sociedade patriarcal escravocrata, o discurso abolicionista e o da insubordinação feminina. Em Do repetível ao historicizado: notas sobre uma prática de sentidos o leitor é levado a uma rede discursiva sobre/de mobilização social analisada em textos escolares de adolescentes. Por sua vez, o nome próprio é trazido de uma forma muito particular para a reflexão sobre as relações de identificação no espaço urbano em Antropônimos em Aurilândia-GO: uma abordagem pelo viés da semântica histórica da enunciação. Refletindo sobre essas relações de identificação, Língua na rua: margens do sujeito permite ao leitor um fino contato com o funcionamento discursivo dos modos de designar o sujeito que está na rua. Em Rememoração/comemoração no discurso urbano, ao tempo em que é feita uma reflexão teórica sobre memória discursiva na relação com o funcionamento da comemoração e da rememoração, somos levados a uma bela análise que toca os contornos sutis de identificação de um espaço urbano como o de uma cidade. Nesse espaço urbano marcado modernamente pela presença dos outdoors temos acesso, em Sujeitos e sentidos no espaço urbano: o escrito "dá o ar da sua graça”, a uma análise em que o processo de interpretação tomado como um gesto – portanto histórico-ideológico – aponta para formas de inscrição do sujeito no espaço urbano. Do lugar de uma história das ciências da linguagem, temos em Saussure e o sentimento: a forma do sentimento lingüístico a apresentação de um aspecto pouco trabalhado na obra daquele que foi assim designado nesse campo do conhecimento como o fundador da lingüística moderna: o sentimento; por outro lado, em A que tradição pertence a tradição gramatical russa? a evidência do sentido de tradição é suspensa e sua pertinência é relativizada.


Número 15 - Junho 2009
ISSN 1413-2109/e-ISSN 2179-9911

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