Revista Rua


Apresentação Rua 18 Volume 2

Este décimo oitavo número (volume II) da Revista Rua não se configura especial apenas pela qualidade e densidade daquilo que se publica nele, mas também por ser posto no ar no momento em que o Laboratório de Estudos Urbanos completa e comemora seu vigésimo aniversário, motivo de alegria, orgulho e admiração pelo trabalho construído em uma rede intensa de pesquisa e ousadia.

Na seção Estudos, encontramos dez belos artigos que colocam no centro do debate a língua com seus instrumentos, políticas e espaços de circulação e administração de sentidos; o sujeito com seus artefatos científicos, políticos, estéticos que lhe abrem e fecham espaços; a história seja no que configura como possibilidades de inscrição nos sentidos para os sujeitos pelas práticas linguageiras cotidianas seja no discurso científico, instituindo sujeitos, espaços e línguas.

Esta seção começa com o artigo de Eni Puccinelli Orlandi – Espaços Linguísticos e seus desafios: convergências e divergências – em que a autora, trabalhando produtivamente com a polissemia que constitui o funcionamento das línguas, indica-nos um projeto político sustentado pela teoria do discurso que desenha espaços outros possíveis e abertos para as relações entre línguas se darem. Em seguida, com o artigo Um glossário contemporâneo: a língua merece que se lute por ela de Vanise Gomes de Medeiros, temos uma fina e provocante análise discursiva do funcionamento de um glossário em notas de rodapé no qual se materializa, como afirma a autora, “a luta na língua do outro e por uma língua outra que se quer dicionarizar”. Em As coisas-a-saber sobre uma cidade na Wikipédia e na Desciclopédia: pouso alegre entre edifícios e buracos, de Ana Cláudia Fernandes Ferreira, somos levados a uma interessante análise que alia os campos de conhecimento do Saber Urbano e Linguagem e da História das Idéias Lingüísticas ao tomar como questão as entradas de enciclopédias em funcionamentos diversos (a Wikipédia, a Desciclopédia e uma enciclopédia impressa). Vera Pallamim, no artigo Cidade e cultura: conflito urbano e a ética do reconhecimento, trabalhando na tensão de Honneth e Rancière, nos apresenta uma proposta analítica importante para compreender a relação do sujeito com o espaço que lhe constitui. Em Consumo, Espaço e Memória, os autores Guilherme Carrozza e Andrea S. Domingues nos apresentam uma instigante análise discursiva sobre a espacialização nas ruas de uma cidade na qual a memória vai se inscrevendo também na relação com o consumo. De seu lado, João Claudio Arendt, em seu artigo Do outro lado do muro: regionalidade e regiões culturais, reflete sobre as relações entre região e regionalidade por meio de um indicador aparentemente inusitado: o universo gastronômico de uma cidade. Em Desvelar o silêncio dos morros, Felipe Rodrigues suspende a evidência de ‘violência’ e entrevê no discurso midiático brechas para capturar o que está silenciado. Com A patrimonialização do cotidiano: desafios para as políticas públicas, de Fabíola Rodrigues, podemos observar as tensões e contradições de uma política de preservação patrimonial. Renata Chrystina Bianchi de Barros, de seu lado, nos apresenta uma delicada e importante análise que permite estabelecer, com força teórica, uma contraposição à medicalização da infância e da educação em Hoje tem marmelada ... pelo debate sobre a medicalização da infância e da educação no Brasil. Encerrando a seção Estudos, temos um artigo de Cláudio Silveira Amaral – Proposta de revisão epistemológica da teoria da arquitetura de John Ruskin – que do ponto de vista epistemológico de uma história das ciências, reabre um interessante debate sobre a obra ruskiana

Na seção Artes, o leitor terá acesso a um marcante ensaio fotográfico – Política e Poética do Olhar – construído dentro de um projeto de extensão desenvolvido pelo Labeurb e coordenado por Cristiane Dias: o projeto Barracão.

E, na Seção Resenhas e Notícias, além das informações mais relevantes daquilo que vem sendo promovido e desenvolvido pelo Laboratório de Estudos Urbanos, encontra-se a resenha de Maristela Saryan Cury sobre o recém lançado livro de Cristiane Dias, Sujeito, Sociedade e Tecnologia: a discursividade da rede (de sentidos).

Como se vê, brindam-nos os participantes desse número com mais um motivo para comemorarmos os vinte anos de produção do Labeurb.

Boa leitura!

 


Número 18 - Novembro 2012
ISSN 1413-2109/e-ISSN 2179-9911

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