Skate no pé e spray na mão: Nexos entre o skate, graffiti e pich(x)ação nas dinâmicas culturais urbanas


resumo resumo

Bianca Siqueira Martins Domingos
Fabiana Felix do Amaral e Silva
Valéria Regina Zanetti



Introdução

As dinâmicas culturais urbanas são compostas por um espectro de experiências e práticas que incorporam frentes culturais, artísticas, esportivas e educacionais tais como o movimento hip-hop, os saraus, os rolezinhos, o carnaval, os fluxos ligados ao funk, o teatro na rua e tantas outras práticas que animam a vida pública. Este artigo aborda as ligações do skate, do graffiti e da pich(x)ação nas formas de sociabilidade, nos estilos de vida, na constituição de territorialidades, nas mobilidades, que incorporam componentes táticos e astúcias em comum no uso de espaços públicos.

Com o skate no pé e o spray na mão, jovens citadinos contestam exclusões produzidas pelo capital a cada manobra, a cada subversão e a cada intervenção artística visual. Dentre práticas que se situam no limiar ambivalente da autorização e da não autorização, do legal e do ilegal, da segurança e do perigo, skatistas e artistas urbanos fazem cidade, colocam em tensão a ordem existente e elaboram circuitos com pontos em comum cujas redes de relações desvelam uma cidade em constante apropriação.

O objetivo deste artigo centra-se na investigação das ligações entre as práticas de skate, do graffiti e da pich(x)ação à luz do conceito de Citadinidade por meio dos (as) autores (as) Isabelle Berry-Chikhaoui (2009), Michel Agier (2011, 2015), Michel de Certeau (2009) e Giancarlo Marques Carraro Machado (2018, 2017). Em uma breve definição introdutória, o conceito de citadinidade é um neologismo “derivado do termo francês citadinité para fazer um contraponto à ideia de cidadania” (MACHADO, 2017, p. 18) e se refere aos “modos de viver e à construção de identidades, e urbanidade, às dimensões materiais e simbólicas do espaço, às qualidades que o definem como urbano” (BERRY-CHIKHAOUI, 2009, p. 13).

A pergunta central se perfaz em como as dimensões das sociabilidades, das linguagens, da corporeidade, da juventude, das mobilidades e dos novos usos subversivos dos equipamentos urbanos em espaços públicos propostos por skatistas e artistas urbanos se articulam ao conceito de Citadinidade.

Para estabelecer aproximações entre teoria e prática, bem como demonstrar as trocas simbólicas que ocorrem no âmbito das dinâmicas culturais urbanas discutidas neste artigo, serão apresentados exemplos das práticas urbanas obtidas por meio de etnografia virtual (ou netnografia) nas cidades de Jacareí e São José dos Campos, ambas situadas na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte – RMVPLN do Estado de São Paulo.

Frente à necessidade de isolamento social imposta pela pandemia de COVID-19 (coronavírus), a adoção da etnografia virtual como método foi estratégica tanto para a segurança sanitária quanto para o acompanhamento das ações e sociabilidades dos participantes da pesquisa para além da pesquisa de campo in loco. A netnografia (HINE, 2015, KOZINETS, 2014 e SILVA, 2015) consiste em uma modalidade de etnografia em que o pesquisador transita por territórios virtuais como redes sociais, sites, planilhas e demais espaços visando a coleta e análise de dados. O percurso etnográfico virtual, iniciado em outubro de 2020 e finalizado em agosto de 2021, envolveu a coleta de imagens e informações no Instagram (publicações, story, reels e transmissões ao vivo) de artistas urbanos valeparaibanos.

 

Skate no Pé e Spray na Mão à luz do Conceito de Citadinidade

 

Bonde pesado, tamo na pista

Só U.B.C pixador skatista

Bonde pesado tamo na pista

(...)

As tiazinha se assusta, vandalismo elas vê

Lembrei do invisível que a tela finge não ver

Dexa os menino pixar, memória mais por viver

Licença que a nossa história nós mesmo tem que escrever!

Graffiti, bob skate não faz só por enfeite

(Nocivo Shomon, Bonde Pesado).

 

Dentre as múltiplas lentes conceituais para se ler a vida urbana, o conceito de Citadinidade nos permite lançar olhares que capturam os diversos usos da cidade pelos skatistas e pelos artistas urbanos1 de graffiti e pich(x)ação, grafada desta forma para aglutinar as práticas de pichação e pixação2. Por detrás dos usos do skate e do spray há uma série de processos, apropriações, mediações, resistências, agenciamentos, práticas, táticas e astúcias.

A citadinidade pode ser definida como as “práticas e representações de indivíduos e grupos, entendidos como atores sociais”, e como uma relação dinâmica entre um ator individual (ou coletivo) e o objeto urbano. Essa noção surgiu na década de 1990 em estudos baseados nas práticas e representações dos habitantes (BERRY-CHIKHAOUI, 2009, p. 10). Michel Agier (2011, p. 91) explica que este conceito fornece uma ampla formulação que viabiliza compreender ações, interações e representações “a partir de uma dupla relação: a dos citadinos entre si e a deles com a cidade como contexto social e espacial”.

Para além do uso de técnicas de graffitis e pich(x)os nas pistas e nos shapes de skates, há o compartilhamento de categorias nativas de linguagem entre os praticantes destas dinâmicas culturais urbanas que mantém a cidade viva e em movimento. ‘Pico’ é utilizado para descrever locais da cidade que são apropriados por citadinos a partir de “usos audaciosos e transgressivos” com equipamentos dispostos nas paisagens urbanas (MACHADO, 2017, p. 27). Os skatistas consideramm ‘picos’ um corrimão em uma praça, uma escadaria, um obstáculo em uma via pública ou qualquer outro local que apresente situações desafiadoras. Para os pich (x) adores, prédios, pontes ou espaços incitadores podem ser considerados ‘picos’. Giancarlo Machado (2017, p. 65) explica que a noção de ‘pico’ também é utilizada em escala ampla:

 

a fim de categorizar não apenas um equipamento isolado, mas espaços que contemplam inúmeros deles, além de propiciarem a prática em seu âmbito, também favorecem a formação, ampliação e manutenção de redes de sociabilidades entre os usuários que compartilham de gostos e experiências parecidas.

 

Desta forma, um ‘pico’ (a praça) pode reunir múltiplos ‘picos’ (equipamentos urbanos). Luiz Antonio Feliciano (2017, p. 22) ressalta que, “para o skatista, os entraves são picos em potencial, uma espécie de matéria-prima para a prática do skate”. ‘Rolê’ é utilizado para denominar “as saídas para pixar” (PEREIRA, 2010, p. 145) ou para descrever o ato de andar de skate (MACHADO, 2017, p. 335).

Os ‘rolês’ e os ‘picos’ suscitam também as dimensões de sociabilidade, mobilidade e circulação que conectam grupos praticantes destas dinâmicas culturais urbanas na procura por novos lugares para andar de skate e tentar manobras, para grafitar e/ou pich (x) ar. Os ‘rolês’ e os ‘picos’ compõem a vida urbana envolvida em “encontros, confrontos das diferenças, conhecimentos e reconhecimentos recíprocos (inclusive no confronto ideológico e político) dos modos de viver” (LEFEBVRE, 2001 [1968], p. 22). No contexto das sociabilidades atreladas ao skate, ao graffiti e à pich (x) ação, a cidade é o “locus de interações sociais e trajetórias singulares de grupos e/ou indivíduos cujas rotinas estão referidas a uma tradição cultural que as transcende” (ROCHA e ECKERT, 2003, p. 2).

Estes diversos usos da rua propostos pelos skatistas e artistas urbanos vão ao encontro do manifesto a favor da rua que Henri Lefebvre (1999, p. 30) traz em seu livro ‘A revolução urbana’, onde destaca a função informativa, simbólica e lúdica da rua: “nela joga-se, nela aprende-se”. É na rua que os citadinos se manifestam, aparecem e se apropriam dos lugares propondo novos ordenamentos. Tal apropriação:

 

mostra que o uso e o valor de uso podem dominar a troca e o valor de troca. Quanto ao acontecimento revolucionário, ele geralmente ocorre na rua. Isso não mostra também que sua desordem engendra uma outra ordem? O espaço urbano da rua não é o lugar da palavra, o lugar da troca pelas palavras e signos, assim como pelas coisas? Não é o lugar privilegiado no qual se escreve a palavra? Onde ela pôde tornar-se “selvagem” e inscrever-se nos muros, escapando das prescrições e instituições? (LEFEBVRE, 1999, p. 30).

 

Conectando o conceito de Direito à Cidade ao conceito de Citadinidade, Michel Agier (2015, p. 498) explica que “fazer-cidade é o meio para a instauração do Direito à Cidade”. Ao afirmar que a “a cidade é feita essencialmente de movimento”, Agier esclarece que o “fazer-cidade” é “o movimento permanente de transformação urbana no tempo e no espaço que podem constituir a contribuição do olhar antropológico sobre a cidade” (p. 484).

Agier (2015) questiona homogeneidades e estabilidades ao propor lançar olhares sobre a microescala, ao passo que Michel de Certeau (2009, p. 175) propõe um enveredamento por outros caminhos ao analisar as “’práticas microbianas’, singulares e plurais” que escapam à administração panóptica e às redes de vigilância, que “constituem regulações cotidianas e criatividades sub-reptícias que se ocultam somente graças aos dispositivos e aos discursos, hoje atravancados, da organização observadora”.

O skate e as intervenções artísticas visuais do graffiti e da pich (x) ação possuem em suas práticas simbologias e representações que tornam o fazer-cidade objeto real e observável (AGIER, 2015) no tecido urbano. Ao embaralhar a “almejada convivência ordenada” e pôr “em suspensão certos “embelezamentos estratégicos” de uma cidade gerenciada como mercadoria e voltada para práticas de cidadania que são englobadas” por lógicas de consumo (MACHADO, 2017, p. 305), os skatistas e os artistas urbanos questionam lógicas estruturais a partir de suas práticas que “desafiam uma gama de espaços por meio de usos vernaculares, o que contribui, no limite, para fortificar a dimensão pública da cidade ao expandir a sua acessibilidade” (Idem, p. 30 - 31).

Estas dinâmicas culturais urbanas abordadas neste artigo são atravessadas pela dimensão da juventude. Alexandre Barbosa Pereira (2018, p. 163) designa estas dinâmicas como atividades protagonizadas por sujeitos jovens “que afirmam uma marca simbólica daquilo que as sociedades industrializadas e urbanas definem como juvenil”. Em outra produção, o autor indica que a noção de juventude é “como um artefato híbrido que remeteria a fatores biológicos, cronológicos, geracionais, culturais e econômicos” (PEREIRA, 2017, p. 14).

Por meio do skate, do graffiti e da pich(x)ação, jovens têm recuperado espaços públicos e territorializado identidades. Lefebvre (2001, p. 19) destaca que este grupo etário “contribui ativamente” para a “rápida assimilação das coisas e representações oriundas da cidade”. Nesta contribuição ativa dos jovens aos espaços urbanos, uma série de táticas são aplicadas pelos citadinos nas práticas ligadas às dinâmicas culturais urbanas. Pereira (2017, p. 17) aborda a noção de tática como “a arte do fraco, a arte de dar golpes no campo do outro, caracterizada pela ausência de poder, enquanto a estratégia é caracterizada pela presença de um poder que estabelece e domina um espaço que lhe é próprio”, produzindo:

 

profundos questionamentos das estratégias dominantes de gestão e organização das cidades. A noção de tática é definida como um “cálculo que não pode contar com um próprio, nem, portanto, com uma fronteira que distingue o outro como totalidade visível” (CERTEAU, 2009, p. 45), por isso, ela só tem por lugar aquele que é dominado por outro (PEREIRA, 2017, p. 17).

 

Para os jovens, “o lazer não se tornou apenas um direito, mas uma tática política. É a forma que encontraram para se comunicar com outros jovens e com a sociedade” (ALMEIDA, 2013, p. 166), pois “os jovens não querem apenas circular e ter acesso à cidade, mas contribuir na produção da cidade, na sua criação e recriação cultural” (p. 170). Estas práticas no espaço urbano, para Certeau (2009, p. 175), “tecem com efeito as condições determinantes da vida social”.

O skate se aproxima das intervenções artísticas urbanas visuais do graffiti e da pich (x) ação também pela via da corporeidade que performa no risco, que tensiona o tempo-espaço ordinário e desafia obstáculos e condições adversas tanto para o skatista quanto para o artista urbano. Na pixação, muitos arriscam “suas vidas ao escalarem prédios e adentrarem locais abandonados/perigosos em nome do pixo” (DOMINGOS, ZANETTI e AMARAL E SILVA, 2020, p. 309). No graffiti não autorizado, o risco também está presente não somente nas quedas de lugares altos, mas também nas abordagens policiais violentas que podem ocorrer. No skate, o risco e os desafios que determinados picos trazem ao corpo do skatista são retratados por Giancarlo Machado (2018, p. 36 - 55) e por Luiz Antonio Feliciano (2017, p. 86): “pelos picos urbanos e pelos gaps das pistas, o equilíbrio sobre o carrinho demanda de uma coragem que ultrapassa os limites do corpo e da concentração”.

O nexo entre as dimensões da corporeidade que performa no risco e a juventude pode ser lido de forma mais detida em Sebenello, Kleba e Keitel (2016, p. 54), que debatem neste artigo que, para a juventude, “muitas vezes, o próprio lazer parece se confundir com risco”. Os riscos dependem do momento, da intensidade, da cronicidade da exposição a algumas situações, dos limites individuais para suportar determinadas experiências e tolerância ao estresse (PESCE et al, 2004; SEBENELLO, KLEBA E KEITEL, 2016).

No alto de um prédio escalado sem equipamentos por um (a) pixador (a) ou em uma manobra arriscada de skate, o fazer-cidade à base de skate e spray pode parecer temporário e/ou efêmero, porém, estas dinâmicas culturais urbanas, além de possuírem a potência de criar “conexões pessoa-espaço e pessoa-pessoa”, “deixam marcas permanentes nos lugares, ainda que de diferentes impactos e intensidades” (SANSÃO FONTES, 2012, p. 47). As dinâmicas culturais urbanas relacionadas são motivadas pela necessidade de apropriação dos espaços públicos urbanos por parte destes citadinos, tornando a rua o lugar da prática da Citadinidade sobre rodinhas e/ou com o spray na mão.

 

Tinta no Shape

As trocas simbólicas que ocorrem por meio dos principais recursos utilizados por skatistas e artistas urbanos serão ilustrados nesta seção por meio de casos valeparaibanos de tinta no shape.

Além dos pontos de contato desdobrados na seção anterior, que envolvem sociabilidades, linguagens, corporeidade, juventude, mobilidades e novos usos subversivos de equipamentos urbanos em espaços públicos, esta prolífica relação entre skate, graffiti e pich(x)ação se materializa em trocas simbólicas e imagéticas.

Quando um artista urbano imprime sua arte no skate, ocorre a circulação desta arte pelas ruas da cidade, rompendo com a fixidez do graffiti e da pich (x) ação sobre o concreto de um muro ou da superfície utilizada. Este outro modo de fluidez imagética das intervenções artísticas urbanas visuais foi abordada por Michel de Certeau (2009, p. 182) ao versar sobre os graffiti de Nova York dos anos 70 em metrôs e trens como “imagens-trânsito”; “caligrafias amarelo-verde e azul metal” bradam “sem gritar e listram os subsolos da cidade, “bordados” de letras e números, gestos feitos de violências pintadas com pistolas” em “escrituras, grafos dançantes, cujas fugidias aparições são acompanhadas pelos ruídos abafados dos trens do metrô”.

As intervenções artísticas visuais executadas sobre superfícies que circulam no espaço citadino constroem retóricas ambulantes e tecem uma arte que combina usos e estilos em que ambos visam uma “maneira de fazer” (CERTEAU, 2009, p. 180). Nesta pesquisa, a etnografia virtual (ou netnografia) foi o método aplicado para apreender e compreender as maneiras de fazer cidade dos artistas urbanos e skatistas valeparaibanos por meio das redes sociais. No intento de compreender a cultura no campo da Antropologia Social, Clifford Geertz (2008, p. 4) definiu a etnografia não somente como um método, mas também como um esforço intelectual do pesquisador. Geertz explica a prática etnográfica a partir de anotações, registros, catalogações em diários e cadernos sobre que acontece no momento da pesquisa de campo e visando que visa a “descrição densa”, produzindo dados que possibilitam o estabelecimento de relações, seleção de informantes, transcrição de textos e mapeamento de campos. O autor José Guilherme Magnani (2009, p. 137) explica que a etnografia “diz respeito à dupla face que apresenta: de um lado, a forma como é vivida pelos atores sociais e, de outro, como é percebida e descrita pelo investigador”.

Sobre a etnografia em espaços virtuais (netnografia), Robert Kozinets (2014, p. 61 - 62) a define como uma “pesquisa observacional participante baseada em trabalho de campo online. Ela usa comunicações mediadas por computador como fonte de dados para chegar à compreensão e à representação etnográfica de um fenômeno cultural ou comunal”. A netnografia pode ser definida também como:

 

uma forma especializada de etnografia que utiliza comunicações mediadas por computador como fonte de dados para chegar à compreensão e à representação etnográfica de um fenômeno cultural na Internet. Sua abordagem é adaptada para estudar fóruns, grupos de notícias, blogs, redes sociais etc. (SILVA, 2015, p. 339).

 

Esta metodologia consiste na utilização de comunicações situadas na internet como fonte de dados, de modo a compreender a representação etnográfica do objeto de pesquisa (SILVA, 2015). Rejeitando a noção de que existe uma distinção pré-existente entre mundo virtual e mundo real, a autora Christine Hine (2015, p. 14) menciona que o desafio metodológico da netnografia “é reconhecer a consequente diversidade e a natureza altamente pessoal da experiência online” e de sua “diversidade ontológica” por meio da “adoção de métodos reflexivos” como “um componente valioso de uma etnografia virtual”.

A escolha pelo método netnográfico nesta pesquisa, além de possibilitar o acesso ao território frente ao isolamento social imposto pela pandemia de COVID-19, nos auxiliou a capturar as interações dos pesquisados nas ambiências das redes sociais, tendo em vista que os padrões de produção e assimilação cultural se difundiram no “espaço virtual da mídia” intensamente na contemporaneidade (PRIGGE, 2002, p. 55).

As Figuras 1a, 1b e 1c, coletadas por meio de etnografia virtual na ferramenta Story, no Instagram dos artistas valeparaibanos, demonstram a fluidez dos usos do graffiti que, neste caso, é aplicado em shapes de skates do tipo double deck para uso em ruas (modalidade street) ou estilo livre (modalidade freestyle), sem os trucks (eixo) e rodas. O shape double deck possui a parte da frente (nose) e a parte traseira (tail) com medidas iguais, possuindo largura de 19,6cm, comprimento de aproximadamente 80cm e peso entre 1 e 1,2 kg (MARTINES e SILVA, 2012).

A Figura 1a mostra, a partir de registro realizado em março de 2021, o desenvolvimento de arte em shape de skate pelo artista de graffiti e tatuador Adam Vieira (conhecido também como ADM Eloc), da cidade de Jacareí (SP).

O registro subsequente (Figura 1b) ocorreu em março de 2021 e mostra a arte elaborada pelo artista LDO, da cidade de São José dos Campos (SP), que neste shape utilizou técnica mista na elaboração de uma ilustração com temática urbana. Técnica mista se refere ao uso de diferentes recursos no desenvolvimento da arte, como rolo de pintura, pincel, spray, serigrafia, sublimação, estêncil e/ou aplicação de seda.

A Figura 1c traz o registro realizado em fevereiro de 2021 de dois shapes expostos pelo artista de Jacareí (SP) Josimar Oliveira na exposição “Shape it” (que ainda será detalhada), na qual o artista utiliza a figura do jacaré, característica em suas obras.

 

 Figuras 1: (a) Desenvolvimento de arte em shape de skate pelo artista ADM Eloc; (b) Arte em shape de skate pelo artista LDO; (c) Arte em shapes de skate pelo artista Josimar Oliveira

                        (a)                                                          (b)                                                 (c)

Fonte: Instagram de (a) ADM Eloc, (b) LDO e (c) Josimar Oliveira (2021)

               

Ressalta-se que todos os shapes ilustrados nas Figuras 1 visavam ser vendidos, compondo um rol de produtos e serviços desenvolvidos pelos artistas urbanos valeparaibanos que buscam a obtenção de renda a partir da arte, como: camisetas, acessórios, quadros, prints, tatuagens e pinturas comerciais. Os usos dos objetos produzidos pelos artistas urbanos ultrapassam a fixidez das pich(x)ações nos muros da cidade e a fluidez do uso nos skates e transformam-se em objetos de arte, de contemplação estética, de decoração, entre outros. Estes usos vão além da apropriação da chamada arte urbana pelos skatistas e engendram outras formas de circulação destas imagens pelas cidades. Outro ponto importante tange a ampla gama de artefatos produzidos que evidencia a versatilidade e a criatividade dos artistas urbanos valeparaibanos ao se apropriarem das técnicas do graffiti e do pich (x) o.

O Dossiê do Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas sobre Fabricação de shapes de skate (MARTINES e SILVA, 2012) destaca que a pintura no shape pode ser realizada também por meio de serigrafia ou silk screen3, por estêncil ou molde vazado, por sublimação ou heat transfer4 e aplicação de seda.

Há também a possibilidade de elaborar intervenções artísticas visuais na lixa do skate, que é colada na parte de cima do shape visando o aumento do atrito entre o calçado e o shape, evitando acidentes ocasionados pelo deslizamento do skatista sobre o shape (MARTINES e SILVA, 2012).

Construindo um jogo com as organizações espaciais na fronteira do que é móvel e imóvel, o graffiti e a pich(x)ação ganham mobilidade sobre as rodinhas do skate e perfazem novos modos de circulação de imagens pela cidade. Essas “figuras ambulatórias introduzem percursos” da “existência concreta, um relato bricolado com elementos tirados de lugares-comuns, uma história alusiva e fragmentária cujos buracos se encaixam nas práticas sociais que simbolizam” (CERTEAU, 2009, p. 182).

 

Tinta na Pista

As trocas simbólicas e imagéticas entre skate, graffiti e pich(x)ação também ocorrem por meio da tinta na pista, que nesta seção serão ilustradas por meio de exemplos que circulam nos espaços valeparaibanos. As Figuras 2a e 2b foram coletadas por meio de etnografia virtual na ferramenta Story, no Instagram dos artistas urbanos que, neste caso, imprimem suas marcas em ilustrações digitais e físicas em pistas públicas das cidades de São José dos Campos e Jacareí.

A Figura 2a mostra, a partir de registro realizado em abril de 2021, uma combinação de graffiti desenvolvidos em 2017 por diferentes artistas urbanos na lateral da pista (vert) conhecida como “half-pipe da liberdade”5, na região central da cidade de Jacareí (SP).

O artista Josimar Oliveira, que desenvolveu artes em shapes de skate mostrados na Figura 1 (c), imprime sua marca identificada pela figura do jacaré na pista. Pode-se observar a combinação de ilustrações e tipografias que colorem também os muros que circundam a pista feita de concreto. O “half-pipe da liberdade” possui no entorno uma praça, pista para a prática de corridas e caminhadas, quadras para a prática de diversos esportes e equipamentos urbanos públicos para a prática de exercícios físicos.

A Figura 2b mostra um graffiti desenvolvido pela artista urbana Leen na lateral da pista (vert) do tipo half-pipe situada no bairro Parque Interlagos, região sul da cidade de São José dos Campos (SP). O registro foi realizado em março de 2021 pela Gabriele “Loucas” (também artista urbana). Esta intervenção artística urbana visual traz a ilustração de uma pessoa com flores na cabeça ao lado da frase da poetisa portuguesa Florbela Espanca: “Onde não tiver amor, não te demore”.

 

Figuras 2: (a) Pista de skate em Jacareí (SP); (b)Pista de skate em São José dos Campos (SP)

 

                                                

                          (a)                                                                               (b)

Fonte: Instagram de (a) Josimar Oliveira e (b) Gabriele “Loucas” (2021)

 

Além dos graffiti, o “half-pipe da liberdade” retratado na Figura 2a também contém pixações que podem ser vistas na Figura 3.

 

Figura 3 – Pixações na pista de skate em Jacareí (SP)

Fonte: CBSK (2017)

As interações entre tinta e pista não são necessariamente físicas, mas também virtuais. A Figura 4a traz uma ilustração digital desenvolvida em abril de 2021 pelo artista urbano Alan de Oliveira, mais conhecido como “Tubão”, em uma série de pesquisas de ilustração, mural e instalações intitulada “Vale do skate”, viabilizado por políticas públicas culturais federais, estaduais e municipais.

O artista “Tubão” transita entre as artes urbanas físicas (graffiti, adesivos/stickers e pinturas) e virtuais (ilustrações e animações) que possuem como temática constante o skate. Nos muitos encontros do artista com as rodinhas, Tubão foi um dos 36 artistas que pode expor suas artes em shapes de skate de fevereiro a março de 2018 na exposição “Shape it”6, realizada no Centro de Formação de Professores ‘EducaMais’ Jacareí.

A exposição contou com 43 diferentes obras e foi organizada pela Prefeitura de Jacareí. A ocasião contou também com intervenções de estêncil, shapes personalizáveis e distribuição de revistas do tipo zine. Em espaços como o desta exposição, jovens “consolidam relacionamentos, consomem e (re)significam produtos culturais, geram fruição, sentidos estéticos e processos de identificação cultural”, estabelecendo uma estreita ligação entre lazer e participação (BRENNER; DAYRELL; CARRANO, 2005, p. 177 apud ALMEIDA, 2013, p. 165).

Figuras 4 – (a) Ilustração digital de artista urbano de Jacareí (SP) com temática de skate; (b) Skate sobre intervenção artística de solo em Jacareí (SP)

(a)                              (b)

Fonte: Instagram de (a) Alan de Oliveira “Tubão” e (b) Coletivo ‘De brinks no rolê’ (2021)

 

A Figura 4b mostra um dos trechos de uma intervenção artística urbana visual de solo realizada em maio de 2021 intitulada “Farfalha”, desenvolvida pelo Coletivo De brinks no rolê (com a participação do artista Tubão e mais três artistas) e com a proposta de uso que dialoga com a prática de skate. A intervenção, realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Ricardina dos Santos de Moraes, situada na cidade de Jacareí/SP, propõe um circuito brincante no pátio da Escola que proporciona experiências coletivas e individuais aos usuários daquele espaço.

Apesar do título desta seção destacar o uso da tinta na pista, é importante mencionar que as práticas do skate não estão limitadas aos espaços das pistas na cidade. A narrativa de que “é nas ruas que se anda de skate de verdade!” denota que a experiência em pistas pode ser menos real e/ou liberal para alguns skatistas (MACHADO, 2017, p. 29). Esta narrativa possui estreitas ligações com o modus operandi do pixo, que “só acontece pela transgressão e no contexto da rua”, pois “não adianta querer controlar o incontrolável”, segundo de Djan Cripta (conhecido pixador paulistano) sobre o episódio ocorrido na Bienal de Berlim7 (FOLHA DE SÃO PAULO, 2012).

O constante entrelaçar de práticas urbanas vistas ao longo do artigo se encaixa à fala de Rocha e Eckert (2003, p. 6) que entendem que “uma cultura urbana se expressa não só por convenções gestuais, de linguagens recorrentes, especializações profissionais de seus portadores”, mas também “através de suas práticas ordinárias, saberes e tradições”. Desta forma, a reivindicação pelos diferentes usos da cidade por meio de práticas atreladas à Citadinidade está no ethos do cotidiano de skatistas e artistas urbanos por meio de resistências e subversões que ressignificam o espaço citadino de forma permanente e inacabada.

 

Considerações Finais

À luz do conceito de Citadinidade, esta pesquisa realizou aproximações de base teórica conjugada a constatações empíricas sobre as principais ligações entre as práticas de skate, do graffiti e da pich(x)ação nas dinâmicas culturais urbanas, circunscritos ao contexto de cidades de Jacareí e São José dos Campos.

Pode-se concluir que as principais ligações entre as referidas dinâmicas culturais urbanas tangem: a) as sociabilidades; b) as linguagens; c) a corporeidade; d) a juventude; e) as mobilidades e; f) os novos usos subversivos de equipamentos urbanos em espaços públicos e territorialidades. Estas seis dimensões apontadas ao longo do texto permeiam, muitas vezes de forma concomitante, as dinâmicas que ocorrem sobre rodinhas e/ou com spray.

As hipóteses em discussão procuraram assinalar como as práticas citadinas atreladas ao skate e às intervenções artísticas visuais se relacionam e como estas práticas podem engendrar discursos em prol da ocupação de espaços públicos ao passo que os skatistas e artistas urbanos se apropriam, ocupam e criam novos territórios. Futuros desdobramentos desta discussão estão previstos, inicialmente, no sentido de avançar nas pesquisas etnográficas e netnográficas das dinâmicas culturais urbanas valeparaibanas e como estas se articulam com o conceito de Citadinidade.

 

Referências

AGIER, Michel. Do direito à cidade ao fazer-cidade. O antropólogo, a margem e o centro. Mana [online]. v.21, n.3, 2015.

AGIER, Michel. Antropologia da cidade: lugares, situações, movimentos. São Paulo: Terceiro Nome, 2011.

ALMEIDA, Renato Souza de. Juventude, direito à cidade e cidadania cultural na periferia de São Paulo. Rev. Inst. Estud. Bras., São Paulo, n. 56, p. 151-172, Junho de 2013.

BERRY-CHIKHAOUI, Isabelle. Les notions de citadinité et d’urbanité dans l’analyse des villes du Monde arabe. Les Cahiers d’EMAM [En ligne], 18 | 2009, Disponível em: <http://journals.openedition.org/emam/175>. Acesso em 13 de agosto de 2020.

https://doi.org/10.4000/emam.175.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 16. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2009.

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 Data de Recebimento: 31/01/2022
Data de Aprovação: 06/05/2022


1  Utiliza-se a categoria “artistas urbanos” ao longo deste artigo para evidenciar a fluidez das práticas situadas no campo das intervenções artísticas urbanas visuais. Muitos artistas transitam entre o graffiti, o pich (x) o, a colagem de adesivos/stickers, instalações artísticas e outros.

2  Gustavo Lassala (2017, p. 30) e Pereira (2010) ressaltam que a pixação (grafada com “x”), refere-se à “típica intervenção gráfica urbana realizada pelos paulistanos – conhecida como Tag Reto -, diferente do termo “pichação”, que é utilizado para se referir a quaisquer escritos, de forma indiscriminada, que conspurcam a paisagem urbana”.

3  Técnica de impressão gráfica que consiste em fazer passar tinta através de uma tela especialmente permeável, com a obtenção final de uma imagem monocromática (MARTINES e SILVA, 2012, p. 17).

4  Técnica que consiste na transferência da imagem impressa no papel transfer para o shape. A folha com a imagem impressa é colocada em contato com o shape e aplica-se calor e pressão com o uso de prensas de transferência tipo cilindro durante alguns segundos para que a tinta sublime e migre para o substrato. A folha é removida e a imagem é transferida para o shape de forma permanente (MARTINES e SILVA, 2012, p. 19).

5  Em 2017 aconteceu o Skate Vert Battle na referida pista, e cenas do evento podem ser visualizadas no vídeo disponibilizado no link: <https://youtu.be/c5yWbdPy3lQ>. Há também informações sobre o evento na página da Confederação Brasileira de Skate (CBSK) no link:

<http://www.cbsk.com.br/eventos/final-do-skate-vert-battle-2017-em-jacarei-sp/574>. Ambos os acessos em 28 de julho de 2021.

 

6  Cenas do evento podem ser visualizadas no vídeo disponibilizado no link:

<https://www.facebook.com/watch/?extid=SEO----&v=1606642342775918>. Acesso em 28 de julho de 2021.

7  Convidados para a 7ª Bienal de Berlim (no ano de 2012), os pixadores brasileiros Djan Cripta, William, RC e Biscoito se envolveram em uma confusão com os organizadores da Bienal após promoverem um workshop sobre pixação na igreja de Santa Elizabeth. No workshop, “o grupo chegou disposto a demonstrar seu trabalho, mas não no formato didático tradicional”, e escalou o prédio da igreja, pixando fora dos espaços delimitados pelos organizadores. “Segundo Cripta, os organizadores se desesperaram com a atitude e disseram que eles não estavam autorizados a mexer naqueles lugares”. Então, o curador chamou a polícia e “os policiais quiseram prender o grupo, mas, ainda segundo Cripta, recuaram após intervenções do público e de explicações de que eram convidados da Bienal”. Durante a discussão “ocorreu a ‘pixação’ do curador da mostra, o artista polonês Artur Zmijewski” (FOLHA DE SÃO PAULO, 2012).